01 de setembro de 2012 | N° 17179
NILSON
SOUZA
O mascote
Sou mesmo um ingênuo. Tão logo li a notícia de que uma
empresa multinacional patrocinadora da Fifa estava lançando um concurso para
escolha do animal que representará a Copa de 2014, no Brasil, pensei no nosso
simpático canarinho – que, afinal, já se consagrou como sinônimo da Seleção
Brasileira, por causa da cor amarela.
Ao seguir adiante na leitura, porém, percebi que vários
leitores já haviam mandado suas sugestões, quase todas criativas mas também
autodepreciativas: burro, preguiça, hiena, mosquito da dengue, sanguessuga,
rato de gravata e outros bichos mais ou menos asquerosos que, na visão desses
irreverentes, poderiam representar a cultura nacional.
Animal é o que não falta neste país de florestas e
pantanais. Temos tantos, que os especialistas divergem sobre o mais adequado
para virar símbolo pátrio. A ave-símbolo já existe, foi escolhida por decreto
presidencial há uma década. É o sabiá-laranjeira. Uma boa escolha, na minha
opinião.
Tenho, inclusive, um para chamar de meu, solto evidentemente,
mas visitante assíduo do meu pátio, com a mordomia de um pote com água renovada
todas as manhãs para o seu banho matinal. Em troca, ele cantou tanto nos
últimos dias, que até a primavera apareceu em agosto.
Mas outros bichos maiores disputam a preferência nacional,
da onça-pintada ao tamanduá-bandeira, passando por jacarés, lobos-guarás e
araras. Qualquer um deles poderia simbolizar o nosso país, como a águia
americana e o leão inglês.
Só que nenhum desses passou pelo crivo da Fifa. O anúncio
oficial sairá em outubro, mas parece que deu zebra. Ou melhor: deu tatu-bola. O
motivo da escolha é nobre: o animalzinho, nativo do cerrado e da caatinga, só
existe em nosso país e está em extinção. Com a escolha, ele poderá ganhar a
visibilidade necessária para uma campanha eficiente de preservação.
Pelo que li a respeito, o bichinho tem certa de 50
centímetros, hábitos noturnos e alimenta-se de cupins, formigas, raízes de
plantas e frutas. E tem uma característica que o torna merecedor do pódio de
mascote brasileiro para a Copa: quando ameaçado, encolhe-se e assume a forma de
uma bola.
Mais emblemático, impossível.
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