23
de setembro de 2012 | N° 17201
PAULO
SANT’ANA
O azedume no
rádio
Hoje
vou falar sobre um fato que me provoca engulhos: os apresentadores de programas
de rádio que são mal-humorados, azedos.
Houve
recentemente um apresentador de programa de rádio que passou xingando, durante
15 anos, todos os ouvintes que ele entrevistava.
Isso
devia causar revolta nos entrevistados, mas nos ouvintes em geral causava
espanto que se entregasse o microfone de uma rádio para um profissional
desancar os entrevistados em todas as entrevistas.
Durante
15 anos, foi aquele mal-estar entre os ouvintes daquele programa. Era pau e pau
no ouvinte, mas não era um pau e pau cordial, tipo brincadeira. Era pau e pau
severo, pancadaria verbal amaríssima (vem de amargo) sobre os entrevistados.
Foi
uma página triste do rádio gaúcho.
Mas
há ainda muitos outros apresentadores de programas mal-humorados. A gente está
engarrafado no trânsito e fica ouvindo os mal-humorados do rádio espalhando com
metástase o seu azedume entre os ouvintes.
Não
há nada pior do que estar engarrafado numa das avenidas porto-alegrenses e
receber no rádio aquela onda de acidez humoral despejada no microfone pelos
mal-humorados que apresentam certos programas. O engarrafamento fica mais
longo, penoso e insuportável.
Não
posso entender, sinceramente, que se utilize o rádio para transmitir amargor
permanentemente.
Rádio
não é lugar para mal-humorado trabalhar. Que busque outra atividade, talvez
como segurança, mas não infringindo o apostolado de alegria e cordialidade que
deve caracterizar as transmissões radiofônicas.
Há
dias, eu tinha de ir a Esteio para uma reunião com membros de uma imobiliária
que me fizeram uma trampolinagem.
Eu
estava decidido a botar pra quebrar nessa reunião. Queria lascar o pau verbal
nos autores da falsa esperteza em que quiseram me envolver.
Então
planejei o seguinte: marquei a reunião lá para Esteio para um horário logo em
seguida a um programa de rádio apresentado por um desses azedinhos que não têm
jogo de cadeiras e inculcam seu mau humor nos ouvintes.
Fui
ouvindo durante 50 minutos o programa do apresentador mal-humorado. Fui me
irritando pela BR-116 e, quando cheguei à reunião, eu estava no ponto, na ponta
dos cascos para a intervenção severa e mal-humorada que eu tinha de apresentar
na reunião.
Em
meio ao meu discurso ácido, as pessoas que eu xinguei impavidamente chegaram a
me oferecer um sal de frutas para tentar me suavizar.
Mas
consegui me safar da encrenca de Esteio massageado pelo programa mal-humorado
que fui ouvindo até lá.
Por
outra parte, para ser justo, há muitos apresentadores de programas de rádio que
são alegres e cordiais, infundem otimismo nos ouvintes, principalmente pelas
manhãs, quando todos estão iniciando o dia e necessitam levantar o astral.
Portanto,
abaixo o mau humor no rádio, viva o contentamento no rádio. Sejam otimistas e
alvissareiros os apresentadores de programas de rádio, espalhem bom astral para
seus ouvintes, já que na maioria das vezes as pessoas ligam o rádio para ver se
ele as ajuda para saírem de sua aflições.
E um
dos deveres principais do rádio é o de socorrer as pessoas preocupadas ou
aflitas.
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