20 de setembro de 2012 | N° 17198
EDITORIAIS
Orgulho depreciado
Mais uma vez, o Rio Grande desfila as suas tradições neste 20 de Setembro, reverenciando sua história, seu passado e uma cultura ímpar no contexto nacional. Lamentavelmente, esse sentimento de orgulho e pertencimento não vem sendo devidamente utilizado para superar conflitos que dificultam e mesmo travam o desenvolvimento gaúcho.
É o que se constata, agora, com divergências políticas que só desagregam, impedindo o Estado de enfrentar desafios como a perda gradativa de qualidade de áreas nas quais já foi paradigma, como a educação, e na falta de vigor de sua economia, que, potencializada pela seca, resultou numa queda recorde do Produto Interno Bruto (PIB). Na data máxima dos gaúchos, essas são questões que deveriam favorecer uma substituição do belicismo do passado por uma agenda agregadora voltada para o futuro imediato do Estado.
Assim como ocorria há quase dois séculos, continuam se acumulando hoje insatisfações com a realidade da economia gaúcha e o tratamento dispensado a ela pelo governo central.
Assim como não há mais razões para pensar no Estado dissociando-o do contexto nacional, também não faz sentido que os gaúchos continuem se dividindo em campos opostos, como os farrapos e os legalistas e todos os outros grupos antagônicos que continuam ainda hoje se digladiando no cotidiano – do futebol à política, passando por hábitos culturais e visões de mundo.
Se o Rio Grande do Sul, que sempre se orgulhou de seu nível educacional, está diante de uma crise nesta área e se a expansão de sua economia ocorre em nível inferior ao necessário, fica ainda mais evidente a necessidade de união em torno de propósitos comuns. Do culto a um passado de lutas, portanto, os gaúchos deveriam aproveitar a garra não para duelar entre si, mas ao contrário, para unir forças em favor do interesse coletivo.
Assim como ocorria à época dos farrapos, ainda hoje muitas das questões cruciais do Estado dependem do poder central – caso do custo insuportável da dívida gaúcha assumida pelo governo federal. Enfrentar esses desafios, abrindo caminho para mais investimentos em áreas como educação, é uma questão que exige união de propósitos a partir de consensos que diferentes forças do Estado precisam alcançar.
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