21
de setembro de 2012 | N° 17199
PAULO
SANT’ANA
Leis
viciadas
A
tendência no Supremo Tribunal Federal, a julgar pelos votos declarados até
agora, é de que fique inteiramente provado que bancadas inteiras de deputados
federais foram subornadas para votar a favor do governo em inúmeros projetos.
Ficará,
assim, também provado que votações da Câmara Federal, por vários anos, foram
manchadas por corrupção passiva em massa.
A
pergunta que eu quero fazer é a seguinte: não ficarão assim anuladas todas as
inúmeras decisões da Câmara Federal havidas por votações de vários anos,
durante a vigência do mensalão?
O
Supremo está por provar que as votações, no tempo largo em que correu adoidado
o mensalão entre os deputados, eram viciadas por suborno. Não vai ser qualquer
um que declarará isso, vai ser o Supremo Tribunal Federal.
Só
para dar um exemplo: a reforma da Previdência foi votada e aprovada naquela
época. Muitos pontos da reforma da Previdência prejudicaram seriamente os
trabalhadores e pensionistas.
Serão
anuladas aquelas votações?
É
uma pergunta que não quer calar.
Tenho
notado nos últimos meses que me arrependo em inúmeras oportunidades em que faço
balanço de minhas atitudes últimas e os consequentes efeitos delas.
A
canção popular diz que o “arrependimento quando chega, faz chorar, faz chorar/
os olhos ficam logo rasos d’água/ e o coração parece até que vai parar”.
Os
arrependimentos que tenho tido são sinceros. Vou dar um exemplo de
arrependimento meu, se o tivesse, que não seria sincero: de fumar.
Como
poderia ser eu sincero no arrependimento por fumar se continuo fumando
incessantemente?
Nada
disso, quando me arrependo, sou sincero. Ou seja, fico ferido por ter tomado
determinada atitude e acredito convictamente que, caso me surja oportunidade
igual para agir, agirei de modo diferente. Ou seja, abjuro o que fiz, não
concordo com o que fiz e prometo para mim mesmo que nunca mais o farei.
Isso
é o verdadeiro arrependimento.
De
nada adianta arrependimento por ter feito ou dito ou escrito algo e, em
seguida, aparecendo novamente a oportunidade para tomar a mesma atitude que
tomou daquela vez, repete-a. Isso não é arrependimento, é safadeza da grossa.
Arrepender-se
com legitimidade é concluir que se errou e prometer solenemente para si próprio
que não mais cometerá aquele erro em provável situação idêntica que venha a
ocorrer.
Então,
declaro peremptoriamente que não existe nada mais grave do que alguém
arrepender-se de ter-se arrependido.
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