19
de setembro de 2012 | N° 17197
PAULO
SANT’ANA
Tronco ou crocodilo?
Preteou
mais ainda o olho da gateada no julgamento do mensalão: o ministro relator
Joaquim Barbosa demonstrou indubitavelmente que os então dirigentes do Partido
dos Trabalhadores subornaram partidos inteiros para votar a favor do governo no
Congresso.
Havia
partidos que votavam contra o governo permanentemente, eram claramente de oposição
e, no entanto, depois do acerto financeiro, que importou em centenas de milhões
de reais dos cofres públicos, passaram a ser de situação, votando todos os
projetos em favor do governo.
Fora
da política, está saindo mais ainda fortalecida a revista Veja, que parece ter
acertado magistralmente em suas informações e opiniões durante o episódio.
Muita
gente graúda, pelo que se nota, será condenada, o que não era cá para nós
esperado.
O
ministro Joaquim Barbosa, anteontem, partiu como um trator contra os
mensaleiros e parece que dificilmente a maioria do Tribunal deixará de segui-lo.
Que
julgamento!
Foi
enterrada ontem minha amiga Zélia Caetano Braun, com 77 anos, irmã do grande
poeta Jayme Caetano Braun e tia da nossa companheira de sala aqui em Zero Hora,
Suzete Braun.
Quem
não era amigo de Zélia? Aquele seu temperamento cordial, aquela alegria de que
se tomava quando avistava a todos eram carimbo da sua grandeza pessoal. Era
colorada doente, mas não era agressiva flautista.
O
seu rosto mortuário, ontem, no caixão, transmitia a ideia de que ela estivesse
viva, tão grande era a firmeza alegre que estampava em sua fisionomia.
Morreu
uma grande mulher das relações de nós todos, seus amigos.
Após
o jogo do Internacional contra o Sport, Fernandão deu uma entrevista coletiva às
rádios e televisões de todo o Brasil, criticando veemente e severamente os seus
jogadores pelo primeiro tempo da partida e por outros jogos pretéritos.
Fernandão
disse claramente que havia jogadores do Inter se atirando nas cordas, com
preguiça atlética, sem vontade de vencer.
A
imprensa esportiva desde logo intuiu, também por informação, que os principais
alvos da amarga catilinária de Fernandão eram Forlán, Leandro Damião e D’Alessandro.
O centroavante, por ter tentado uma firula tipo Charles em vez de fazer um gol
fácil e sério. Não houve o gol por isso.
Mas
incrivelmente, depois de desvalorizar assim publicamente o plantel inteiro do
Internacional, a diretoria colorada reuniu-se e deu carta branca ao treinador. Mas
como? Carta branca para que ele continue a desvalorizar a imagem do plantel?
Não
deu para entender, principalmente porque todos os que têm afinidade com vestiários
sabem que esse tipo de cobrança do treinador tem de ser feito entre quatro
paredes e não com estrondo público para todo o país.
Só pode
se compreender a decisão dos dirigentes colorados ao prestigiar Fernandão
porque eles devem estar perplexos e desanimados com o resultado pífio que o
time alcança no Brasileirão, pelo que se perturbaram emocionalmente pela catástrofe
técnica e, sem saber o que fazer, quase se afogando na crise, decidiram se
segurar num tronco que passava pela correnteza do rio: seguraram-se em Fernandão.
Mas
ele, aparente socorro nas águas turbulentas, é um tronco ou um crocodilo?
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