KENNETH
MAXWELL
Um verão para lembrar
O
verão está quase acabando no hemisfério Norte. No Reino Unido, ao menos, foi um
momento de celebração. Não por conta da política e da economia, que continuam a
apresentar desempenho deficiente. Mas, para o esporte, o verão foi glorioso.
Até mesmo
o carrancudo escocês Andy Murray seguiu a conquista do ouro na Olimpíada com
sua primeira vitória em um torneio de Grand Slam, em Nova York. Ele já havia
chegado perto do feito em quatro ocasiões. Porém, dessa vez, derrotou Novak
Djokovic e venceu o US Open.
Em
Londres, 750 mil torcedores entusiásticos saudaram as equipes olímpica e paraolímpica
britânicas, que desfilaram em 21 carros abertos até o Palácio de Buckingham,
por ruas lotadas. Foi um verão a guardar na lembrança.
Mas
por que os Jogos Olímpicos e Paraolímpicos de Londres se tornaram tamanho
sucesso, a despeito dos problemas iniciais de segurança e da necessidade de
recorrer à ajuda das Forças Armadas, no último minuto?
Parte
do crédito cabe a Sebastian Coe, ganhador de duas medalhas de ouro olímpicas e
organizador dos jogos. Lorde Coe agiu com grande eficiência, graça, modéstia e
determinação durante todo o processo. E boa parte do crédito cabe à loteria
britânica, que ajudou a financiar a reforma de instalações esportivas e o
treinamento dos atletas britânicos.
Mas
o sucesso popular também reflete o envolvimento popular em todo o território
britânico, no período preparatório para os jogos.
O
percurso da tocha olímpica pelo país atraiu (inesperadamente) a participação de
milhares de torcedores. Também houve a mobilização de voluntários de todas as áreas
e idades, que trouxeram seus sorrisos e bom humor a todos os locais olímpicos. Os
voluntários receberam os mais fortes aplausos na cerimônia de encerramento.
Os
jogos também refletiram, como nunca antes, o surgimento de um novo Reino Unido,
no último quarto de século. Um país mais inclusivo, multiétnico e multirracial.
Os
astros da Olimpíada refletiram essa nova face britânica: Mo Farah, o velocista
britânico de origem somali, com seu famoso "Mobot", Nicola Adams,
ganhadora do ouro no boxe, Anthony Joshua, cujos pais são imigrantes
nigerianos, e Jessica Ennis, cujo pai é jamaicano e a mãe nasceu em Derbyshire.
Jonnie Peacock, o campeão de velocidade paraolímpico, e Ellie Simmonds, estrela
da natação paraolímpica, também puderam desfrutar da adulação popular.
Tudo
isso tornou novamente respeitável desfraldar as bandeiras do patriotismo, o que
representa uma realização considerável. Agora a tocha passa para o Rio de Janeiro.
KENNETH
MAXWELL escreve às quintas-feiras nesta coluna.
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