quinta-feira, 13 de setembro de 2012


KENNETH MAXWELL

Um verão para lembrar

O verão está quase acabando no hemisfério Norte. No Reino Unido, ao menos, foi um momento de celebração. Não por conta da política e da economia, que continuam a apresentar desempenho deficiente. Mas, para o esporte, o verão foi glorioso.

Até mesmo o carrancudo escocês Andy Murray seguiu a conquista do ouro na Olimpíada com sua primeira vitória em um torneio de Grand Slam, em Nova York. Ele já havia chegado perto do feito em quatro ocasiões. Porém, dessa vez, derrotou Novak Djokovic e venceu o US Open.

Em Londres, 750 mil torcedores entusiásticos saudaram as equipes olímpica e paraolímpica britânicas, que desfilaram em 21 carros abertos até o Palácio de Buckingham, por ruas lotadas. Foi um verão a guardar na lembrança.

Mas por que os Jogos Olímpicos e Paraolímpicos de Londres se tornaram tamanho sucesso, a despeito dos problemas iniciais de segurança e da necessidade de recorrer à ajuda das Forças Armadas, no último minuto?

Parte do crédito cabe a Sebastian Coe, ganhador de duas medalhas de ouro olímpicas e organizador dos jogos. Lorde Coe agiu com grande eficiência, graça, modéstia e determinação durante todo o processo. E boa parte do crédito cabe à loteria britânica, que ajudou a financiar a reforma de instalações esportivas e o treinamento dos atletas britânicos.

Mas o sucesso popular também reflete o envolvimento popular em todo o território britânico, no período preparatório para os jogos.

O percurso da tocha olímpica pelo país atraiu (inesperadamente) a participação de milhares de torcedores. Também houve a mobilização de voluntários de todas as áreas e idades, que trouxeram seus sorrisos e bom humor a todos os locais olímpicos. Os voluntários receberam os mais fortes aplausos na cerimônia de encerramento.

Os jogos também refletiram, como nunca antes, o surgimento de um novo Reino Unido, no último quarto de século. Um país mais inclusivo, multiétnico e multirracial.

Os astros da Olimpíada refletiram essa nova face britânica: Mo Farah, o velocista britânico de origem somali, com seu famoso "Mobot", Nicola Adams, ganhadora do ouro no boxe, Anthony Joshua, cujos pais são imigrantes nigerianos, e Jessica Ennis, cujo pai é jamaicano e a mãe nasceu em Derbyshire. Jonnie Peacock, o campeão de velocidade paraolímpico, e Ellie Simmonds, estrela da natação paraolímpica, também puderam desfrutar da adulação popular.

Tudo isso tornou novamente respeitável desfraldar as bandeiras do patriotismo, o que representa uma realização considerável. Agora a tocha passa para o Rio de Janeiro.

KENNETH MAXWELL escreve às quintas-feiras nesta coluna.

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