17
de setembro de 2012 | N° 17195
KLEDIR
RAMIL
Golpe na
internet
O
mundo está cheio de falcatruas. Há um espírito de malandragem entranhado nesse
tipo de capitalismo em que estamos metidos, uma relação egoísta de mercado na
qual o que importa é se dar bem, obter lucros e vantagens. Mesmo que o outro se
ferre.
Ando
cansado disso tudo. Outro dia, comprei um celular com acesso à internet. Dois
meses depois, pedi para cancelar o serviço de web, pois não funcionava. Não
cancelaram. E continuaram cobrando, apesar de afirmarem que seria
providenciado, nas cinco ligações que fiz. Ligações gravadas e com número de
protocolo.
Fui
até a loja tentar resolver, e pasmem: a loja só vende. Qualquer outro tipo de
serviço ou informação tem que ser tratado pelo telefone. Depois que você cai na
armadilha, só consegue se comunicar com a empresa por meio do teleatendimento,
aquelas garotas preparadas para não resolver nada.
Exausto
daquele inferno, decidi cancelar minha linha definitivamente. Impossível, não
te deixam sair. E continuam cobrando, inclusive serviços que nunca solicitei.
Fiquei sete meses nessa novela, até que, com a ajuda do Procon e da Anatel,
consegui me livrar da praga. Mudei de operadora e até agora a experiência tem
sido ótima. Estou entusiasmado. Vamos ver a sequência.
O problema
é que esse modelo de negócio, que eu prefiro chamar de golpe, virou padrão em
várias prestadoras de serviço. De todas as áreas. Se, no mundo real, grandes
empresas funcionam como estelionatárias, no mundo virtual, então, a coisa sai
do controle. Na internet, sempre aparece a figura do golpista, aquele cara que
quer se dar bem sem fazer esforço. Ou lhe vender algo de que você não precisa.
Ou enviar cartas-bombas infectadas com vírus, pra vasculhar o seu HD. Enfim, a
rede é um campo minado.
Eu
recebo muita porcaria por e-mail. Como se já não bastassem os “amigos” tentando
empurrar correntes religiosas, sempre tem alguém querendo me fazer assinar
jornais e revistas que eu já assino. Ou me pedindo dinheiro para as vítimas do
terremoto de um país que não existe.
O
que eu mais lamento nisso tudo, mais do que perder tempo, dinheiro e paciência,
é que estão acabando com meu bom humor. Por isso, gostei de saber, por um
amigo, de um novo golpe pela internet. O anúncio oferecia um aparelho para
aumentar o tamanho do pênis. Meu amigo entusiasmado pagou pra ver, e mandaram
uma lupa pra ele.
Uma
lupa! Esse golpista safado tá nem aí para os valores humanos, mas não perdeu o
bom humor. Pelo menos isso.
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