segunda-feira, 10 de setembro de 2012



10 de setembro de 2012 | N° 17188
REPORTAGEM ESPECIAL

Em Triunfo, os benefícios do polo precisam ser melhor distribuídos

Se Triunfo fosse um país, estaria entre os primeiros no ranking mundial de PIB per capita, que representa a riqueza produzida dividida pelo total de habitantes. Em 2009, o índice do município ficou em R$ 212 mil por ano, impulsionado pela volumosa arrecadação de impostos junto ao polo petroquímico.

A pujança econômica permite à prefeitura oferecer serviços superiores aos de outras cidades, mas ainda é preciso fazer muito para transformar toda a riqueza produzida lá em melhoria das condições de vida da população. O paradoxo de Triunfo aparece na comparação com outros municípios. Apesar de ter o menor PIB per capita do Estado, como visto na página ao lado, Alvorada tem menores taxas de analfabetismo e mortalidade infantil na comparação com Triunfo, por exemplo.

No comando da Secretaria de Assuntos do Polo, que cuida das relações da prefeitura com o complexo industrial, Clésio da Silva explica um dos motivos da desigualdade social: apesar de gerar muita receita (90% do orçamento municipal, de aproximadamente R$ 140 milhões anuais), o polo não escolhe moradores da cidade para preencher seus melhores postos de trabalho.

Nas empresas, os cargos de salários mais altos são preenchidos por candidatos de fora, e os nativos trabalham em posições de menor remuneração, como construção, manutenção, limpeza e logística. O secretário afirma que a prefeitura oferece cursos de qualificação, principalmente na área industrial, para capacitar jovens na disputa pelas vagas geradas pela ampliação no polo, mas reconhece que a competição pelas melhores oportunidades é dura.

Às margens da rodovia que vai do polo até a sede do município, o aspecto humilde das residências evidencia que o PIB per capita da cidade é mail distribuído entre os moradores.

A prefeitura lista as realizações mais recentes: 150 obras em sete anos, piso superior a R$ 2 mil para o magistério municipal, ensino médio e dois cursos técnicos na rede municipal de ensino, atendimento médico gratuito, inclusive para especialidades como neurologia e cardiologia, convênio com o Banco de Olhos e com o Instituto da Mama, mais de 200 itens oferecidos gratuitamente na farmácia do município.

Economista aponta descompasso social

Um passeio pelas ruas mostra que as pessoas veem a situação com menos otimismo. O vigilante Juarez Ramos, 51 anos, diz que nem sempre se consegue atendimento médico e lamenta as condições de boa parte da população:

– No interior, muitas pessoas são miseráveis, tem gente que passa fome mesmo.

Economista da FEE, Alfredo Meneghetti Neto diz que as administrações locais, historicamente, não têm usado plenamente os recursos do polo para melhorar o desenvolvimento humano:

– Chama a atenção a disparidade entre a vitalidade econômica gerada pelo polo e a vitalidade social, que é uma das piores do Estado.

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