29
de setembro de 2012 | N° 17207
PAULO
SANT’ANA
Chovem condenações
Eu não
esperava, eu era cético, mas estou errando em minhas previsões sobre se iria
haver muitas condenações no julgamento do mensalão.
Já estão
definitivamente condenados vários réus, com votos de seis ministros do Supremo,
quase todos por corrupção passiva e lavagem de dinheiro.
Mas
as três grandes estrelas entre os réus do mensalão, Delúbio Soares, o então
tesoureiro do PT, o ex-deputado federal José Genoino, então presidente do PT, e
o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu, ainda não foram julgadas.
Toda
a grande atenção sobre o julgamento será concentrada sobre esses três nomes
destacados do PT de então.
Delúbio
Soares será certamente condenado. Ele é réu confesso e indicava os
parlamentares de diversos partidos que tinham de ser subornados para votar
favoravelmente nos projetos do governo.
Mas
certamente haverá votos divergentes entre os ministros do Supremo sobre a sorte
de José Genoino e José Dirceu.
Não
há prova material alguma contra José Dirceu, embora sejam exuberantes as provas
testemunhais incriminadoras do ex-ministro.
Nesse
julgamento é que se consagrará, ou não, a tese de que as provas testemunhais são
suficientes para uma condenação. Esse será o grande vetor de atração do
julgamento.
Vão
sair faíscas.
Outra
curiosidade sobre o julgamento é se os réus que já estão condenados e os que
vierem também a sê-lo cumprirão pena de prisão privativa da liberdade ou serão
brindados com benefícios penais que lhes proporcionem cumprir as penas soltos.
Os
fatos que marcaram o mensalão foram tão graves, que vários setores da imprensa
especulam que a pena de Marcos Valério, o publicitário que distribuiu o
dinheiro público aos mensaleiros, quase sempre por indicação de Delúbio Soares,
receberá pena superior a cem anos de prisão.
Credo
em cruz, como se atolou nesses processo o Marcos Valério, que recentemente
declarou que o dinheiro público que foi movimentado nas operações de suborno
somava R$ 350 milhões, quantia que foi calculada em sete vezes menor no
desenvolvimento do inquérito e do processo.
Não
há dúvida de que o mensalão se tornará o mais propalado processo penal de toda
a história brasileira.
Tanto
pelas mais de três dezenas de réus, quanto pela repercussão de que foi cercado
em face de o cenário do processo ter girado em torno de esferas importantes da
República.
E,
quanto aos que receavam que o transcurso do julgamento poderia influenciar o
resultado das eleições do próximo dia 7 de outubro, com muita gente tendo
tentado adiar o julgamento por esse motivo, vários réus já foram condenados,
faltando só saber-se quais penas receberão, mas não se nota nenhuma influência
do julgamento na campanha eleitoral.
Os
fatos e sua repercussão podem ter alguma influência, mas o julgamento, nenhuma.
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