20
de setembro de 2012 | N° 17198
L. F.
VERISSIMO
No contexto
Minha
filha estava lendo uma história do Monteiro Lobato para a minha neta e parou
quando chegou num trecho que falava na tia Nastácia. Hesitou, sem saber se lia
o que estava escrito ou se exercia sua prerrogativa de leitora e mãe e pulava o
trecho. Decidiu-se pela censura.
Não
me lembro se cheguei a ler Monteiro Lobato para meus filhos, mas tenho certeza
de que não teria a mesma hesitação da Fernanda. Não me ocorreria que o texto
era racista. Ou talvez ocorresse e eu o desculpasse, pois seria apenas um detalhe
que em nada diminuía o imenso prazer de ler Monteiro Lobato.
E
escrito numa época em que o próprio autor não teria consciência de estar sendo
ofensivo, ou menos que afetuoso com sua personagem. Entre os anos em que eu lia
Lobato e hoje, mudou tudo no mundo, inclusive o contexto em que o racismo,
consciente ou não, é encarado.
E não
é preciso ir muito longe atrás de mudanças no contexto. Não faz tanto tempo
assim que boa parte do humor na TV brasileira era feito em cima de estereótipos
caricatos de raças e minorias. O negro era sempre o “negrão” careteiro e não
muito inteligente, o judeu era sempre um usurário atrás da prestação, o
homossexual era sempre um grotesco. E era tudo inocente, baseado em
preconceitos herdados e em hábitos culturais que ninguém questionava, já que
era humor, não era por mal.
Hoje,
no contexto atual, está havendo reação das partes que se sentem afrontadas, o
que é ótimo – quando não é exagerada. No caso do “racismo” do Monteiro Lobato,
minha posição sobre como o autor deva continuar sendo leitura deliciada das
crianças apesar dos trechos abomináveis é um decidido “Não sei”. Fala-se que
nas edições adotadas nas escolas conste uma explicação que coloque os termos
repreensíveis no contexto. Não sei. O essencial é que não se prive nenhuma
criança brasileira de ler Monteiro Lobato.
Defina-se
(Da
série “Poesia
numa
hora dessas?!”)
Defina-se
ligeiro.
Não
seja mineiro.
O
melhor quem é,
Messi
ou Pelé?
Bem
passado ou mal?
Internet
ou jornal?
Água
sem gás ou gasosa?
Lewandowski
ou Barbosa?
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