27 de setembro de 2012 |
N° 17205
PAULO SANT’ANA
Liberdade mal concedida
O problema é o seguinte: sexta-feira
passada, em Caxias do Sul, quatro adolescentes entre 13 e 15 anos adquiriram R$
2 de gasolina em um posto de combustíveis e foram até uma barraca de papel onde
estava dormindo um papeleiro adulto.
Embeberam o corpo do papeleiro de
gasolina e atearam fogo com um palito de fósforo.
A vítima morreu das queimaduras.
Isto é, teve morte cruciante.
O motivo alegado pelos assassinos
para matar o papeleiro foi o de que ele devia R$ 2 a eles e se recusou a
pagá-los.
Foram identificados os quatro
adolescentes e prestaram depoimento. Inicialmente, tergiversaram. Mas, em
seguida, confessaram em detalhes o ato infracional, melhor dito, o crime
monstruoso. Disseram: “Jogamos gasolina em todo o corpo dele, até na cara, depois
ateamos fogo”.
Um crime revoltante. Desculpem as
autoridades, mas tão revoltante ainda é o fato de que os quatro adolescentes,
após narrarem em minúcias o horrendo ato, foram mandados para casa e vão
responder em liberdade ao processo.
É contra isso que esta coluna
quer se voltar.
Afinal, o crime (ato infracional
por serem menores seus autores) foi bárbaro, circunstância que aliada à grande
repercussão do acontecido na opinião pública obriga que a Justiça e o
Ministério Público recolham imediatamente a um reformatório os menores acusados
e confessos.
Não podem a Justiça e o
Ministério Público, com esta sua reação de passividade permissiva, contribuir
para a banalização da violência, um dos maiores males psicológicos que assolam
nossa sociedade.
É necessário que a Justiça volte
atrás em sua decisão e encarcere os menores infratores. É urgente que se faça
isso. Para reparar o mal que a impressão de colocar em liberdade os autores do
crime causou na sociedade caxiense e gaúcha.
Por atos infracionais muito menos
graves do que esse, até mesmo singelos, são recolhidos a um reformatório seus
autores.
Como é, então, que, após esse
atentado brutal a um ser humano indefeso, a Justiça soltou esses garotos
assassinos?
Conceder liberdade a eles é
associar-se a uma mentalidade obtusa que viceja no meio social: a de que um
papeleiro ou um morador de rua não tem, por essa sua condição marginal,
direitos de cidadania.
Eu acredito sinceramente que
esses meninos assassinos serão recolhidos a um estabelecimento penal educativo
nas próximas horas.
O contrário é a falência do
Direito entre nós.
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