12
de setembro de 2012 | N° 17190
EDITORIAIS
OS GASTOS COM EDUCAÇÃO
Relatório
da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), divulgado
ontem, mostra que o Brasil ainda ocupa as últimas colocações no ranking de
investimentos em educação. Mesmo tendo aumentado significativamente as verbas
para o ensino entre os anos de 2000 e 2009, o país está longe de aplicar o
valor anual por aluno indicado pela instituição e distante da média dos demais
países-membros.
O
levantamento, denominado Olhar sobre a Educação 2012, revela situações
constrangedoras: em ensino pré-primário, o Brasil é o terceiro pior colocado
entre 34 países; no primário, é o quarto pior entre 35 países; e, no secundário,
é o terceiro pior entre 37 países. A educação precisa de respostas – e também
de recursos.
Um
aspecto positivo revelado pelo levantamento é o de que, nos últimos anos, o
Brasil vem tomando algumas decisões com potencial para reverter esse quadro de
forma acelerada. O país, por exemplo, vem concentrando os recursos para o setor
no Ensino Básico, mantendo inalterados ou até mesmo com uma tendência à redução
os destinados ao Ensino Superior.
A
situação inverte uma prática que, até agora, era de privilegiar o nível
universitário. Em consequência, as verbas destinadas aos níveis Fundamental e Médio
aumentaram 149% apenas no período entre 2005 e 2009. Os ganhos só não foram
mais expressivos a partir dessa elevação porque o volume aplicado até então era
bem inferior ao conjunto dos demais países analisados de maneira geral, num número
variável porque nem sempre há todos os dados disponíveis para permitir comparações.
Mesmo
tendo ampliado os investimentos e se aproximado um pouco mais nessa área dos
integrantes do G-20, o grupo das nações mais ricas do mundo, o Brasil ainda
investe pouco na comparação com o seu Produto Interno Bruto (PIB) – 5,5% –,
percentual inferior à meta de 6,23% dos integrantes da OCDE. O país precisa
investir cada vez mais e de forma continuada na área do ensino para garantir
qualidade ao aprendizado, mas também zelar por mais rigor na aplicação das
verbas e, assim, permitir que os ganhos se multipliquem.
O
estudo, a propósito, garante que, mesmo com as incertezas no mercado
internacional desde 2008, pessoas com diploma de curso superior continuam
obtendo benefícios financeiros vantajosos. Esse aspecto fica mais visível ainda
no Brasil, o país com a maior diferença salarial entre pessoas com diploma
universitário e as com grau de instrução inferior.
Recursos
em níveis adequados e no momento oportuno são um pressuposto para garantir avanços
na educação num país que, historicamente, pouco se preocupou com o assunto. De
nada adianta gastar mais, porém, se o poder público não trabalhar com metas
claras e com projetos de médio e longo prazos, que não venham a ser
descontinuados a cada mudança de governo.
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