Jaime
Cimenti
Essa tal família
Nos
tempos dos almoções de domingo, gerações se encontravam e se dizia que a família
era a célula-mater da sociedade, a base de muita coisa boa e tal. Tinha os que
diziam - e dizem - que família é assunto impróprio para menores, que família é bonito
em álbum de retratos e alguns gringos dizem que parente é serpente.
Esses
tempos vi uma definição moderninha (ainda?) de família: é um grupo de pessoas,
que, às vezes, dorme debaixo do mesmo teto. Olha só, o IBGE informa: a formação
familiar clássica - “casal com filhos” -, deixou de ser maioria no Brasil.
Outros
tipos de família: casal sem filhos, pessoas morando sozinhas, três gerações sob
o mesmo teto, mães sozinhas com filhos, pais sozinhos com filhos, casais gays,
amigos morando juntos, netos com avós, irmãos e irmãs. Famílias “mosaico” (os
meus, os teus, os nossos) estão com 50,1%, e as famílias “clássicas”, com 49,9%.
Menos fecundidade, mais renda feminina e outros fatores contribuem para o fato.
Casais
sem filhos, tipo “dinks” (sigla em inglês para dupla renda), já somam dois milhões
e aumentam. Os lares brasileiros, definitivamente, mudaram. Tem quem sinta
saudades das grandes famílias, com vovô e vovó, pais, filhos, netos, macarrão,
galinha assada, salada de batata, creme de leite com ameixas pretas, churrasco
e coisas do gênero. Outros preferem a modernidade, mesmo com a solidão, o
individualismo e com os contatos, muitas vezes, via meios eletrônicos.
Cedo
para maiores conclusões. Em alguns lares norte-americanos, até usam o “cocooning”,
que é colocar todos computadores e monitores na sala, para unir os integrantes da tribo. Sei lá se eles,
mesmo assim, não ficam se comunicando por e-mail. Novos conceitos, novas formações
e liberdade são bem-vindos e tantas vezes são inevitáveis.
Ao
fim e ao cabo, da faca de serrinha dos domingos à noite, acho que o
interessante é manter os laços possíveis, da maneira mais afetiva que der, com
quem estiver ao alcance e, claro, dividir a inevitável tele-pizza, parte
calabresa, parte portuguesa e parte margarita, enquanto o Fantástico toma conta
do ambiente. Mais tarde a família pode assistir ao Manhattan Connection, algum
filme ou, quem sabe, levar um papo sobre os pequenos grandes assuntos que
realmente interessam. Falando nisso, esses dias encontrei uma amiga com o neto
e com o vovô, numa praça. A cumprimentei com um beijo no rosto.
Minutos
depois, o menino, de dois anos, sentado no carrinho, me disse “dá um beijo no
vovô”. Dei, claro, e um beijo no guri, também, que já sabe muito sobre família
e afeto. Abraços e beijos para tutti quanti! De todos os tipos de famílias.
Jaime
Cimenti
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