quarta-feira, 12 de setembro de 2012



12 de setembro de 2012 | N° 17190
PAULO SANT’ANA

Meu cão raivoso

Ainda sobre o grave desaparecimento de cirurgias de amígdalas em Porto Alegre, fruto do pouco valor que os convênios pagam aos médicos por esses procedimentos.

Ora, se um convênio paga cerca de R$ 50 para um médico que realiza cirurgia de amígdalas, paga o mesmo por consulta, o que está erradíssimo.

A cirurgia dá um trabalhão para o médico. A consulta, pelo contrário, menor aplicação. Obviamente os médicos preferem realizar consultas. Com o tempo que gastariam numa cirurgia e naquele aparato todo, eles realizam 80 consultas.

Além disso, se fossem fazer a cirurgia, depois dela têm de revisá-la em inúmeras consultas. E essas consultas revisionais de pós-cirurgia não são pagas pelos convênios.

Isso é um disparate que está pondo em risco a integridade e até a vida dos pacientes.

Esta crítica que estou fazendo é irrefutável, foi fruto de muitos dias meus de investigação sobre essa grave distorção verificada em todos os quadrantes médicos de Porto Alegre.

Pasmem, não há mais cirurgias de amígdalas em Porto Alegre por convênios, a não ser as feitas por cirurgiões dignos e respeitadores da saúde de seus pacientes, que se sacrificam ganhando modestos e ridículos honorários.

Os convênios têm o dever urgente de colaborar para corrigir esse escândalo operacional.

Perguntei aqui na Redação a cerca de oito colegas: o que quer dizer êmulo.

Nenhum deles soube me responder. Eu também não sabia qual era o significado dessa palavra. Fui então ao dicionário e descobri o curioso significado: êmulo quer dizer rival, competidor.

Devo ter usado essa palavra algumas vezes, e de modo errado. Ninguém me reclamou, o que quer dizer que a quase totalidade das pessoas não sabia do significado da palavra, pois, então, fica sabendo agora por esta coluna.

E a palavra emulação, muito usada, quer dizer vontade de superar alguém, de competir com alguém, de no mínimo vir a igualar-se a alguém. Eu pensava que queria dizer vontade de imitar.

Eu adoro o estudo de palavras. Felizmente, isso é utilíssimo para a minha profissão.

Meu cão, da raça lhasa, quando chego em casa, geralmente à noite, se para a latir, o que é até saudável. É sempre bom ter uma vigilância atenta sobre os que se aproximam do lar.

Mas é que não raro o meu cão, além de latir, avança raivosamente sobre mim, no que não é diferente dos outros membros de minha família, que quase diariamente avançam com raiva verbal sobre mim.

Isso que o lar é considerado o último refúgio de um homem.

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