17
de setembro de 2012 | N° 17195
PAULO
SANT’ANA
Duas falhas
É
lastimável que o Grêmio tenha deixado ontem de concorrer ao título deste
Brasileirão por ter levado o gol de empate do Flamengo em uma bola
absolutamente defensável.
Eu
não sou contra o goleiro do Grêmio, sou a favor do Grêmio. E também não
encontro motivo justificado para Luxemburgo ter retirado Moreno de campo depois
de o centroavante ter feito um gol genial. Inexplicável.
Uma
secretária (recepcionista) em clínica médica escreveu-me pedindo que não cite
seu nome. Se eu citá-lo, é certo que ela perde seu emprego e nenhuma outra
clínica médica a empregará jamais.
Não
gosto do anonimato, mas é compreensível a razão por que a remetente deseja
ficar incógnita.
Ela
manda dizer que não é só pelos planos de saúde pagarem pouco aos médicos por
determinadas cirurgias que se verificam falhas graves no atendimento aos
pacientes, referindo-se a uma crônica recente minha a respeito.
Ela
diz que há alguns médicos que se determinam somente a atender dois pacientes do
IPE por semana, por receberem pouco por isso, enquanto têm sempre
disponibilidade de atendimento por um determinado convênio que paga quantia
compensadora. Sendo deste, sempre arrumam o famoso encaixe.
Diz
mais: pacientes são atendidos de 20 em 20 minutos (ligeirinho), caso não tenham
que fazer exames nas clínicas, neste caso então a recompensa pelos serviços
será maior.
Diz
em sua defesa salarial que antigamente as recepcionistas de clínicas eram
tratadas como secretárias, hoje são classificadas como recepcionistas porque o
piso salarial das secretárias é bem mais alto. Só que as atribuições das chamadas
recepcionistas são as mesmas das secretárias.
Que,
em decorrência de ganharem pouco dos convênios por algumas cirurgias,
exatamente como este colunista escreveu recentemente, são preteridas algumas
cirurgias para que possam alguns médicos ganhar na quantidade de consultas por
dia. E vá atender aquela multidão. E as reclamações que porventura surgirem não
são alguns médicos que as suportam, e sim as recepcionistas.
Diz
ainda que, em algumas especialidades em que trabalhou, já há tempos têm sempre
alguns médicos, não são todos, são raros, mas existem, alguma coisa para
vender, um serviço ou algum produto. Alguns oftalmologistas, não são a maioria,
mas existem, vendem lentes de contato com lucro de 90%. E outros poucos mas
frequentes indicam óticas, as quais no final do mês mandam um envelope contendo
comissões para alguns médicos. E, finalmente, alguns pouquíssimos médicos que
atendem os pacientes de convênio cobram por fora dos doentes.
Esse
foi o depoimento da secretária a este colunista.
Agora
uma explicação do colunista: todos os que me leem sabem que tenho verdadeira
veneração pelos médicos. Vivo falando em meus tratamentos (câncer, tontura
incapacitante, ouvidos precários etc.) e na relação que mantenho com dezenas de
grandes médicos.
Isso
não impede, no entanto, que eu dê trânsito a reclamações contra poucos médicos
que não agem eticamente, pois devo também respeito aos pacientes.
Vou
dar um exemplo de profunda honestidade profissional: meu oftalmologista recebe
inúmeras propostas de óticas para que encaminhe seus pacientes para elas. Pois
sempre recusou terminantemente estas propostas. Ele deixa o paciente livre para
onde quiser comprar seus óculos.
Ou
seja, a grande maioria dos médicos procede com lisura notável em sua profissão,
são honestos e há entre eles muitos idealistas.
Viva
a medicina exercida com ética!
E o
objetivo desta coluna é um só: que toda a medicina seja exercida com exatidão,
com ética, com profundo respeito aos pacientes. Felizmente, a esmagadora
maioria dos médicos assim procede, honrando o juramento de Hipócrates. A esses,
presto em nome do povo gaúcho uma homenagem de gratidão.
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