sexta-feira, 14 de setembro de 2012



Perguntas, respostas, sonhos e vida

O genial escritor russo Leon Tolstoi (1828-1910) disse que você vai morrer e descobrir tudo - ou parar de perguntar. O grande professor e filósofo gaúcho Gerd Bornheim (1929-2002) que nasceu em Caxias do Sul, mas que, por suas qualidades, bem poderia ter nascido em Bento Gonçalves, ensinou que filosofar, acima de tudo, é perguntar.

Esses tempos, perguntei a um intelectual dos grandes qual a pergunta ou quais as palavras que achava definitivas. “Continua a perguntar, sempre”, me respondeu ele, com uma cara, tipo assim, pós-moderna. O grande Jorge Luis Borges, pouco antes de morrer, instado por Lygia Fagundes Telles a deixar umas últimas palavras como legado, disse apenas: “os sonhos, Lygia,  não te esqueças dos sonhos”.

Perguntas eternas, respostas precárias, sonhos definitivos e outras coisas encantam nossa rápida passagem pelo planeta. Sei lá qual o sentido último da vida. Como é que eu e a torcida do Barcelona vamos saber quem somos, de onde viemos e para onde vamos? Me poupem. Para mim, o sentido da vida é ela própria, e a gente poder ficar pensando nisso. Já dizia o Erico Verissimo que a vida tem sentido quando a gente sente que o tempo não está passando inutilmente.

Desculpem as citações, estou meio livresco hoje - só hoje, tá? -, mas é que o tema permite, vai. Enfim, as pessoas, a vida e o mundo andam mais para surrealismo do que para teorema matemático. Ou não. Simples, complicado, ordem, caos, silêncio, ruído, sei lá. Melhor aceitar as pessoas e gostar delas ou tolerá-las do que tentar entendê-las e explicá-las. Melhor ter bom-humor, boas relações e prazer com os criadores, as criaturas e as criações e viver o agora.

Perdão pela momentânea falta de originalidade, mas o passado já passou, o futuro sempre chega de madrugada, na manhã seguinte, ou não, incerto. Agora chove guasqueado lá fora, o tempo está enfarruscado com estes restos de inverno gaúcho, o vento nas esquinas está querendo nos dar uns bofetes e umas chicotadas e o frio está pedindo um fogo na lareira e uma bebida forte.  Esse momento pede que eu cumpra meu dever-prazer de cronista e que deixe, ao menos, uma abobrinhas, de preferência com algum tempero, para os ávidos ou inapetentes leitores.

Está bem, está bem, outro dia ofereço um prato mais apimentado. Sabe como é, comida com condimentos fortes todo dia não dá mesmo e, principalmente, os pratos baianos. Fui. E sem mais perguntas, que crônica boa ou metida a boa não pode terminar com pergunta.
(Jaime Cimenti)

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