Perguntas, respostas, sonhos e
vida
O
genial escritor russo Leon Tolstoi (1828-1910) disse que você vai morrer e
descobrir tudo - ou parar de perguntar. O grande professor e filósofo gaúcho
Gerd Bornheim (1929-2002) que nasceu em Caxias do Sul, mas que, por suas
qualidades, bem poderia ter nascido em Bento Gonçalves, ensinou que filosofar,
acima de tudo, é perguntar.
Esses
tempos, perguntei a um intelectual dos grandes qual a pergunta ou quais as
palavras que achava definitivas. “Continua a perguntar, sempre”, me respondeu
ele, com uma cara, tipo assim, pós-moderna. O grande Jorge Luis Borges, pouco
antes de morrer, instado por Lygia Fagundes Telles a deixar umas últimas
palavras como legado, disse apenas: “os sonhos, Lygia, não te esqueças dos sonhos”.
Perguntas
eternas, respostas precárias, sonhos definitivos e outras coisas encantam nossa
rápida passagem pelo planeta. Sei lá qual o sentido último da vida. Como é que
eu e a torcida do Barcelona vamos saber quem somos, de onde viemos e para onde
vamos? Me poupem. Para mim, o sentido da vida é ela própria, e a gente poder
ficar pensando nisso. Já dizia o Erico Verissimo que a vida tem sentido quando
a gente sente que o tempo não está passando inutilmente.
Desculpem
as citações, estou meio livresco hoje - só hoje, tá? -, mas é que o tema
permite, vai. Enfim, as pessoas, a vida e o mundo andam mais para surrealismo
do que para teorema matemático. Ou não. Simples, complicado, ordem, caos,
silêncio, ruído, sei lá. Melhor aceitar as pessoas e gostar delas ou tolerá-las
do que tentar entendê-las e explicá-las. Melhor ter bom-humor, boas relações e
prazer com os criadores, as criaturas e as criações e viver o agora.
Perdão
pela momentânea falta de originalidade, mas o passado já passou, o futuro
sempre chega de madrugada, na manhã seguinte, ou não, incerto. Agora chove
guasqueado lá fora, o tempo está enfarruscado com estes restos de inverno
gaúcho, o vento nas esquinas está querendo nos dar uns bofetes e umas
chicotadas e o frio está pedindo um fogo na lareira e uma bebida forte. Esse momento pede que eu cumpra meu
dever-prazer de cronista e que deixe, ao menos, uma abobrinhas, de preferência
com algum tempero, para os ávidos ou inapetentes leitores.
Está
bem, está bem, outro dia ofereço um prato mais apimentado. Sabe como é, comida
com condimentos fortes todo dia não dá mesmo e, principalmente, os pratos
baianos. Fui. E sem mais perguntas, que crônica boa ou metida a boa não pode
terminar com pergunta.
(Jaime Cimenti)
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