CARLOS
HEITOR CONY
O sentido das
palavras
RIO
DE JANEIRO - "Até nas flores se encontra a diferença da sorte: umas
enfeitam a vida, outras enfeitam a morte." Esse poema se aprendia nas
escolas do passado. Hoje, a diferença da sorte atinge até mesmo os partidos
políticos, que podem ser resumidos em situação e oposição.
Para
a oposição, dona Dilma é presidente da República. Para a situação (PT e
aliados), é presidenta, como ela própria gosta de ser tratada. É fácil
identificar quem é a favor ou contra o governo. Embora não se diga de uma moça
que é "estudanta", de uma mulher acamada que é "doenta" ou
"pacienta", a sutileza do tratamento é uma declaração de princípios,
um programa de salvação nacional.
Há
também uma outra sutileza que define os rumos ideológicos e transcendentais da
atual situação nacional. Os veículos de comunicação, principalmente as TVs
oficiais e as oficiosas, quando botam no ar os debates no Supremo Tribunal
Federal (STF), identificam o programa como "ação penal 470".
Tudo
certo, a informação não foi sonegada nem deformada. As emissoras não
comprometidas com o governo se referem ao mesmo programa de outra forma:
"mensalão" -um tiro que o PT disparou no próprio pé.
Palavras
e palavras. O pai de Samuel encontrou Isaac e declarou, contristado: "Meu
coração está cheio de tristeza, soube que o seu filho Jacó está dando!".
No dia seguinte, Isaac procurou o pai de Samuel, com o coração transbordando de
alegria: "Meu filho não está dando, está tomando!".
Palavras,
palavras e palavras servem para isso mesmo. O papa Pio 11, antecessor de Pio
12, fez uma advertência severa contra o nazismo -que, em 1933, tomava o poder na
Alemanha. Recebeu uma resposta oficial daquele país, justificando o regime ali
adotado. O papa reclamou: "Perdemos o sentido das palavras!".
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