10
de setembro de 2012 | N° 17188
L. F. VERISSIMO
Edilson
O
prêmio de melhor slogan eleitoral até agora vai para um candidato a vereador em
Nova Iguaçu: “Edilson que o povo gosta”. Não sei qual é o sentimento real do
povo em relação ao Edilson, mas isto não importa. O que interessa é que o
trocadilho é bem bolado e o Edilson tem senso de humor, o que talvez ajude a
ser vereador em Nova Iguaçu.
O
Barack Obama bem que gostaria de ter uma frase sintética como a do Edilson para
enfatizar sua principal virtude eleitoral, a simpatia. O sorriso de boca
apertada do Mitt Romney não se compara ao largo sorriso do magrão.
Mas
boa parte do povo que gostava de Obama, pelo seu sorriso e pelo que ele
representava de novo e promissor, está decepcionado com ele. O desafio para
Obama é fazer a simpatia render até as eleições, resistindo à desilusão
crescente.
Os
republicanos estão repetindo a pergunta feita por Ronald Reagan ao eleitorado
americano para derrotar os democratas e se eleger, anos atrás: está melhor hoje
do que estava há quatro anos? Com recordes de desemprego e a economia
rastejando, a resposta óbvia parece ser “não”.
O
desempenho de Obama nestes quatro anos não foi tão ruim. Ele evitou que a crise
dos bancos de 2008 fosse mais catastrófica do que foi, reergueu a indústria
automobilística – com toneladas de dinheiro publico, é verdade, mas quem está
se queixando? – e criou, aos trancos, um sistema universal de saúde apesar da
reação dos lobbies contrariados e de todo o rancor da direita. Mas a economia
insistiu em não colaborar. E é disto que o povo não gosta.
O
tom da convenção recém-encerrada do partido democrata foi: vamos dar mais
quatro anos para o homem cumprir sua promessa. Mais uma chance ao sorriso, ele
merece. Eu vou prestar atenção na eleição para vereadores em Nova Iguaçu, para
saber o resultado do divertido slogan do Edilson. E em novembro vou torcer pelo
Baraca. Ele pode não ser o prometido, mas a alternativa é muito pior.
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