02
de junho de 2012 | N° 17088
EDITORIAIS
Espetáculo
indecoroso
Observadores
espirituosos já vinham chamando a CPI do Cachoeira de Circo Parlamentar de
Inquérito, mas os parlamentares que integram a comissão investigativa não
precisavam assumir o papel pejorativo que lhes é atribuído, como fizeram na
última quinta-feira os deputados e senadores que transformaram o não depoimento
do senador Demóstenes Torres num bate-boca do mais baixo nível.
Foi
âncora do indecoroso espetáculo o deputado Sílvio Costa (PTB-PE), que
aproveitou o seu momento de visibilidade para ofender o acusado com uma série
de xingamentos, ao mesmo tempo em que constrangia seus pares pela
inconveniência do gesto. Ao ser interrompido pelo senador Pedro Taques
(PDT-MT), que lhe pediu para tratar o colega com dignidade, o parlamentar
pernambucano ficou ainda mais alterado, incluindo palavrões no seu já
destemperado vocabulário.
A
sessão foi encerrada sob um bate-boca generalizado, do qual pareceu salvar-se
exatamente o depoente, por ter avocado para si o direito constitucional de
permanecer calado. Pena que os demais não seguiram o seu exemplo.
Criticar
o Legislativo é sempre fácil, por ser o poder mais exposto e mais vulnerável a
observações. Mas a verdade é que alguns parlamentares parecem fazer um esforço
para deslustrar a imagem do Legislativo.
É
impossível que os eleitores do deputado Sílvio Costa não tenham sentido
vergonha do seu representante ao vê-lo agredir colegas, desrespeitar as regras
da Casa e agir de forma prepotente exatamente no momento em que a nação espera
um posicionamento justo dos integrantes da CPI em relação a um parlamentar
acusado de falta de decoro.
O
mínimo que se espera, depois do deplorável espetáculo de impropérios, é que os
órgãos corregedores do Congresso e as comissões de ética das duas casas chamem
os infratores à responsabilidade.
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