sábado, 2 de junho de 2012



02 de junho de 2012 | N° 17088
EDITORIAIS

Espetáculo indecoroso

Observadores espirituosos já vinham chamando a CPI do Cachoeira de Circo Parlamentar de Inquérito, mas os parlamentares que integram a comissão investigativa não precisavam assumir o papel pejorativo que lhes é atribuído, como fizeram na última quinta-feira os deputados e senadores que transformaram o não depoimento do senador Demóstenes Torres num bate-boca do mais baixo nível.

Foi âncora do indecoroso espetáculo o deputado Sílvio Costa (PTB-PE), que aproveitou o seu momento de visibilidade para ofender o acusado com uma série de xingamentos, ao mesmo tempo em que constrangia seus pares pela inconveniência do gesto. Ao ser interrompido pelo senador Pedro Taques (PDT-MT), que lhe pediu para tratar o colega com dignidade, o parlamentar pernambucano ficou ainda mais alterado, incluindo palavrões no seu já destemperado vocabulário.

A sessão foi encerrada sob um bate-boca generalizado, do qual pareceu salvar-se exatamente o depoente, por ter avocado para si o direito constitucional de permanecer calado. Pena que os demais não seguiram o seu exemplo.

Criticar o Legislativo é sempre fácil, por ser o poder mais exposto e mais vulnerável a observações. Mas a verdade é que alguns parlamentares parecem fazer um esforço para deslustrar a imagem do Legislativo.

É impossível que os eleitores do deputado Sílvio Costa não tenham sentido vergonha do seu representante ao vê-lo agredir colegas, desrespeitar as regras da Casa e agir de forma prepotente exatamente no momento em que a nação espera um posicionamento justo dos integrantes da CPI em relação a um parlamentar acusado de falta de decoro.

O mínimo que se espera, depois do deplorável espetáculo de impropérios, é que os órgãos corregedores do Congresso e as comissões de ética das duas casas chamem os infratores à responsabilidade.

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