22
de junho de 2012 | N° 17108
ARTIGOS
- joão Ricardo Santos Tavares*
Por um minuto, tudo vale a
pena?
Quando
a foto veio a público, o Brasil, que a cada dia já está acostumado a repetir
que de mais nada duvida, ficou perplexo. Lula e Maluf juntos, abraçados,
sorrindo?!!
Por
1min35seg a mais no programa eleitoral gratuito das próximas eleições de 7 de
outubro, a decência, a compostura, a coerência, a ética, enfim, os mínimos
valores que pautam uma sociedade que se pretenda decente foram para o espaço.
Para administrar o terceiro orçamento do país (sim, a prefeitura de São Paulo
só perde para o orçamento do Estado de São Paulo e para o da União),
Lula
foi capaz de ir até a casa daquele a quem execrou em passado recente, com toda
a razão, e que hoje não pode deixar o país porque tem contra si mandado de
prisão internacional expedido, para abraçar Paulo Maluf como companheiro e
aceitá-lo parceiro na busca da eleição do seu pupilo Haddad à prefeitura de São
Paulo.
Temos
que dar um basta nessa desfaçatez que pauta as alianças partidárias de todos os
matizes ideológicos. Só nós, eleitores, podemos fazê-lo. Caso contrário, onde
vamos chegar? Não é à toa que juízes estão acuados e pedindo para deixar a
presidência de processos, como nesta semana fez aquele que conduzia o
procedimento criminal contra Carlos Cachoeira.
Não
é por acaso que um adolescente infrator sentiu-se encorajado a agredir uma
promotora de Justiça em plena audiência na serra gaúcha, poucos meses atrás.
Não sem razão, policiais estão temerosos de exercer firmemente sua autoridade.
E a
sociedade, o que há de pensar ao assistir a tudo isso? A nação olha para tudo o
que vem acontecendo e se sente desprotegida. Não enxerga instituições fortes e
respeitadas porque, nos tempos atuais, são os cargos que qualificam os seus
ocupantes e não o inverso, como deveria acontecer. Nada mais certo de que, onde
o Estado não é forte e a impunidade campeia, o vácuo é ocupado pelos amantes do
ilícito. Em todos os níveis e esferas de poder, sem exceção!
Vivemos
tempos em que o Estado de direito é que está em xeque se não houver um basta! O
espaço que existe entre aquilo que a maioria de bem quer e o que estamos vendo
na realidade das ruas, onde parece que tudo está permitido e nada acontece aos
transgressores, tem que ser ocupado pela indignação e atitudes de promoção de
uma mudança radical no resgate dos valores perdidos.
As
eleições que se aproximam estão aí para isto.
Pelo
menos, assistimos, quando forte reverberava na minha mente discurso de Pedro
Simon na tribuna do Senado, do alto dos seus 80 anos, dizendo que vai para casa
desiludido com tudo que assistiu nos seus 60 anos de vida pública, surgir
Erundina para dizer que para tudo tem limite e renunciar à candidatura a
vice-prefeita da maior cidade do país.
Será
que ainda há esperança? Ave, Erundina!
*PROMOTOR
DE JUSTIÇA
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