LUIZ
FELIPE PONDÉ
Cuidado com os burocratas
verdes
Não
tenho dúvida de que animais e árvores nos humanizam, e não lugares cheios de
gente do tipo Rio+20. E que temos que cuidar de nossa casa, assim como devemos
buscar diminuir o sofrimento do mundo em geral, mas o fato é que não sabemos ao
certo o que fazer para isso.
E a
burocracia verde, gerada nesta conferência, não descobrirá como fazer isso
porque burocracia é sempre parasita.
A
máxima da Rio+20 "Mudar o modelo de energia no planeta para energia
sustentável" é ainda algo semelhante a discussão sobre sexos dos anjos.
Essa máxima implica ideias como "sai fora combustível fóssil tipo petróleo
e entra em cena..."
Na
prática, quem quer fechar hospitais, parar de voar ou silenciar computadores?
O
problema não é apenas a qualidade da energia, mas a quantidade necessária dela
e seu custo. Imagino verdes de todos os tipos pregando o fim da exploração de
petróleo em seus facebooks dependentes de energia fóssil.
Quanto
à humanização (tema recorrente neste parque temático da ONU), ainda penso que
família e escola são as melhores formas de aprendê-la. Um estímulo para ter
animais e jardins em casa, nas escolas e nas ruas vale mais como humanização do
que 50 conferências gigantescas nas quais se discutem siglas, vírgulas e ponto
e vírgulas.
Cúpulas
internacionais ambientais são como os velhos concílios bizantinos dos primeiros
séculos do cristianismo. Esses concílios aconteciam no império bizantino,
também conhecido como Constantinopla.
Neles,
os caras se perguntavam quantos centímetros Jesus tinha de substância divina e
quantos de substância humana. Acho que os concílios ainda ganhariam em eficácia
levando-se em conta o sucesso da ideia de que o carpinteiro judeu seja Deus.
Sabemos
que a ONU e seus derivados são, como dizia Paulo Francis, grandes estatais
ineficientes. Verdadeiro cabide de emprego para um monte de gente,
principalmente de países pobres. Dar dinheiro para a ONU é doação a fundo
(quase) perdido.
Minha
tese, nada científica, é a de que a ONU não seja o melhor fórum para angústias
como essas porque ela é basicamente ineficiente. Tudo o que consegue, além de
dar chances para seus integrantes beberem e conhecerem os bares da Lapa -como
me disse recentemente um colega jornalista- é gerar impostos internacionais que
você e eu teremos que pagar.
Qualquer
solução para a "energia limpa" virá do mercado e jamais de burocratas
e seus pontos e vírgulas.
A
questão é: quem defende o planeta dos burocratas verdes?
LUIZ
FELIPE PONDÉ é colunista da Folha e enviado especial à Rio+20.
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