terça-feira, 12 de junho de 2012



12 de junho de 2012 | N° 17098
 DAVID COIMBRA

Noel Rosa, Besame Mucho, Verissimo e Messi

Osório, dizem, é a segunda cidade mais ventosa do mundo. Já investiguei, mas nunca consegui descobrir qual é a primeira. Em todo caso, acredito no vice-campeonato osoriense. Ventos podem ser medidos em quantidade e intensidade. Outras coisas não. Quem diz, por exemplo, que o Chico Buarque é o maior compositor brasileiro vai sofrer dura contestação dos caetanistas. Sem falar dos velhos noelistas, com carradas de razão: Noel, em parcos 26 anos de vida, compôs mais de 200 músicas.

Fazia duas por dia. Acordava na hora do almoço, mostrava as composições para a mãe, comia e saía para a esbórnia. Mas há quem goste mais do Pixinguinha, ou do Paulinho da Viola, ou do Gil, ou do Rei, sei lá.

Qual o maior filme brasileiro? Para mim, Cidade de Deus. O segundo? Um que ninguém viu, Besame Mucho. Só que muitos adoram os do Glauber Rocha, que acho uma chatice.

A mulher mais linda do Brasil? Neste mês é aquela mina da novela das 9, uma morena que diz ser um terço índia, um terço negra e um terço espanhola, a prova em dentes e músculos da força da miscigenação e um libelo contra a eugenia, mas não sei o nome dela, é Débora alguma coisa.

No entanto, respeito reverencialmente os que preferem a Fernanda Lima e confesso que, há três meses, minha campeã era a possante Laisa, do BBB, mesmo que ela tenha namorado com aquele cara que chorava.

Com relação à literatura a disputa talvez fique ainda mais acirrada. Os acadêmicos veneram Machado e Guimarães Rosa. Nada contra, reconheço as habilidades deles, mas tenho outras preferências nacionais: o próprio Jorge Amado, que é o Roberto Carlos da literatura brasileira; Nelson Rodrigues com seu grande folhetim Engraçadinha; João Ubaldo Ribeiro, com Viva o Povo Brasileiro e Sargento Getúlio; e os Verissimo, pai e filho, o pai por O Tempo e o Vento, o filho por um clássico que ainda será elevado aos píncaros gelados da literatura universal de todos os tempos, O Analista de Bagé.

Mas, claro, nem todo mundo concorda. O fato é que comparações são sempre injustas. Não se pode dizer quem é o maior ou o melhor, porque talento não se mede, importância histórica não se mede, influência não se mede, beleza não se mede, pessoas não se medem, a não ser em peso e altura.

Pois bem. Agora, depois dele ter marcado três gols contra o Brasil, Messi vem sendo comparado a Maradona, Pelé e, para infortúnio deste último, Neymar. Como nos casos da literatura, do cinema, da música e de tudo o mais, posso, irresponsavelmente, dizer quem acho melhor: para mim, melhor era Laerte, o Urso, que jogou no Próspera de Criciúma nos anos 80. Mas você pode não concordar, sem problemas, cada qual com sua opinião.

Os grandes do Olímpico

Como as pessoas gostam mesmo de opinar sobre quem são os melhores, e acreditam que exista mesmo O melhor, a eleição que promovi semana passada a respeito dos melhores da história do Olímpico foi bem sucedida. Recebi 151 e-mails com votos dos leitores. Na minha opinião, o melhor Grêmio da Era Olímpico foi o time de 1977, mas os leitores elegeram em primeiro lugar o do Felipão, de 1995, com quase 60% dos votos, e em segundo o do Foguinho.

Então o melhor time foi: Danrlei; Arce, Rivarola, Adilson e Roger; Dinho, Goiano, Arilson (ou Emerson) e Carlos Miguel; Paulo Nunes e Jardel.

E a Seleção escolhida foi: Danrlei; Arce, Aírton, De León e Roger; Dinho, Gessy e Valdo; Renato, Alcindo e Éder. Também não foi a minha, mas é um time temível.

Legado

Fernando Carvalho deu ao Inter os seus maiores títulos, sim, mas também deu uma ideologia. É a fórmula marxista que repito sempre: quantidade gera qualidade. O Inter está sempre se abastecendo de jogadores. Há uma boa possibilidade, o Inter vai lá e busca. Pode ser novo ou veterano, não importa, o Inter traz.

O Grêmio, agora, está fazendo essa mesma mescla saudável. Vieram os consagrados Kléber e Moreno, mas também vieram Rondinelly e Tony; vieram os ainda pouco conhecidos Léo Gago, Souza e Marco Antonio, mas também vieram Fábio Aurélio e Zé Roberto. E continuarão a vir, segundo a direção.

É assim que se faz.

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