18
de junho de 2012 | N° 17104
PAULO
SANT’ANA
Surdo como uma porta
Para
não dizer que estou surdo, eufemisticamente declaro que estou com problemas de
audição.
Por
isso, meu relacionamento com minha mulher, com meu motorista e com o amigo que
me faz apostas no turfe está nervoso, complicado e agressivo.
É que
o surdo se irrita porque ouve mal. E quem está conversando com o surdo se
irrita também porque o surdo não o entende.
Imaginem,
então, o que estou passando.
Disseram-me
que numa propaganda de televisão referente a um aparelho auditivo um médico otorrino
diz o seguinte aos telespectadores: “Se você tem um tio, um pai ou uma mãe
surdos, não grite com eles. Fale alto com eles, mas não grite”.
Pois
comigo acontece o seguinte: é tão séria minha crise de surdez, que prefiro que
gritem comigo do que falem baixo.
Televisão
não estou fazendo mais há quase um ano, e o Sala de Redação faço com fones nos
ouvidos.
Só é
bom ser surdo para não ouvir o ministro da Fazenda dizer que a inflação este
ano está prevista para 5%. Só nos legumes, no pão e nos eletrônicos, a inflação,
em média, já está em 30%.
É melhor
ser surdo para não ouvir os governantes.
Dia 3
de julho próximo, o presidente do Grupo RBS, Nelson Sirotsky, passa seu cargo
para seu sobrinho Eduardo Sirotsky Melzer, atual vice-presidente executivo, em solenidade
que será transmitida por TV interna para os cerca de 6 mil funcionários de
nossa empresa.
A
transição é serena e consensual. Assim também Jayme Sirotsky sucedeu ao grande
fundador, Maurício Sirotsky, por falecimento, e assim serena e consensualmente
Nelson sucedeu a Jayme na presidência da RBS.
Portanto,
nós, os funcionários, assistimos com tranquilidade a essa sucessão. E Nelson
Sirotsky permanece na RBS como presidente do Conselho de Administração e
presidente do Comitê Editorial.
Desejo
sucesso a todos. Porque o sucesso deles é o nosso sucesso.
Ao
mesmo tempo, morreu na sexta-feira passada o motorista da RBS Orlando Miller Júnior,
que tinha sido vítima de um acidente de trânsito no cruzamento da Avenida
Professor Oscar Pereira com Rua Doutor Malheiros, em Porto Alegre, no dia 18 de
maio.
Em
consequência do mesmo acidente, também morreu o operador de áudio da RBS TV
Thiago Josué Fernandes Obregon, que faleceu no dia 4 de junho.
Os
dois tripulavam uma caminhoneta Parati da RBS, que se empenhava em levar para
casa vários colegas que tinham trabalhado o dia inteiro.
Em
nome dos funcionários da RBS, envio às duas famílias enlutadas os nossos pêsames
e a nossa admiração a esses dois companheiros que tombaram na missão de fazer
jornalismo para nossa terra.
Repousem
em paz, com o dever cumprido.
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