FERREIRA
GULLAR
Está o planeta
aquecendo?
O
crescimento sustentável tornou-se fundamental; porém, muitas das teses são
destituídas de fundamentos
Escrevo
esta crônica bem antes que a conferência Rio+20 tenha chegado a suas
conclusões. Por isso mesmo, me limitarei a algumas considerações acerca de
problemas que foram levantados e discutidos neste dias.
Confesso
que há 40 anos ou mais, quando tomei conhecimentos da questão ecológica, achei
que havia muito exagero em tudo aquilo, ainda que me faltassem maiores
informações sobre o assunto.
Mas
eu não estava de todo errado. Tanto que, com o passar dos anos, as teses
ecológicas tornaram-se menos radicais, e eu, de minha parte, admiti que a
defesa do meio ambiente é uma necessidade vital, para a qual todos devemos
contribuir, de uma maneira ou de outra.
Quanto
a isso, minha adesão é total. Como gosto de bichos, de gato a passarinho, onça,
anta, macaco, jacaré, não poderia assistir indiferente à destruição das
florestas, nem ao corte de árvores centenárias como as que têm sido postas
abaixo por traficantes de madeira.
Tampouco
podemos ser tolerantes com a queima de combustíveis altamente poluidores, que
envenenam a atmosfera das cidades, especialmente de metrópoles como São Paulo e
Rio. Não resta dúvida de que essa quantidade excessiva de carbono, lançada por
milhares de veículos, altera as condições atmosféricas locais.
O
caminho certo é, evidentemente, reduzir ao máximo a emissão desses gases
poluentes, substituindo os motores movidos a petróleo por outros, movidos a
eletricidade. Não acredito que alguém, em sã consciência, se oponha a isso. A
dificuldade, portanto, não está aí e, sim, na concretização de tais objetivos.
São problemas
complexos, que envolvem dificuldades efetivas e interesses de tudo quanto é
ordem, a começar pelos econômicos, que, por sua vez, têm implicações sociais
nacionais e internacionais.
Para
mover os trens e os metrôs, é necessário dispor de energia elétrica, que por
sua vez implica na queima de combustíveis poluentes ou na construção de usinas
hidrelétricas, que levam à inundação de vastas áreas de florestas.
Outras
energias não poluentes, como a eólica e a solar, não terão tão cedo condições
de suprir essas necessidades. A solução não é desistir delas, mas tampouco será
a pregação alarmista, que ignora as dificuldades reais.
O
crescimento sustentável tornou-se um tema fundamental da atualidade, como o
demonstra, por exemplo, a realização da Rio+20, com a participação de
representantes de mais de cem países. Não obstante, muitas das teses defendidas
pelos ambientalistas são classificadas por especialistas no assunto como
destituídas de fundamentos científicos.
Agora
mesmo, 18 cientistas brasileiros, entre os quais estão físicos, geólogos e
climatologistas, dirigiram à presidente Dilma uma carta afirmando que "as
mudanças climáticas têm sido pautadas por motivações ideológicas, políticas,
acadêmicas e econômicas restritas".
Tal
atitude contraria "os princípios basilares da prática científica como
também os interesses maiores das sociedades de todo o mundo, inclusive a
brasileira".
Diz
ainda o documento que não há evidências físicas da influência humana no clima
do planeta, sendo portanto destituída de fundamento a afirmação de que a
atividade industrial tem provocado o seu aquecimento.
Segundo
a carta, "o relatório de 2007 do Painel Intergovernamental de Mudanças
Climáticas registra que, no período de 1850-2000, as temperaturas aumentaram
0,74º C, e que, entre 1870 e 2000, os níveis do mar subiram 0,2 m".
Acrescenta
que, nos últimos 12 mil anos, houve diversos períodos com temperaturas mais
altas do que as de hoje e que o nível do mar chegou a subir três metros acima
do atual.
Não
se verifica, afirma o documento, qualquer aceleração anormal desses indicadores
nos últimos 20 mil anos, uma vez que as variações observadas no período da
industrialização se enquadram na faixa de oscilações naturais do clima, não
podendo ser atribuídas ao uso de combustíveis fósseis ou a qualquer outro tipo
de atividade vinculada ao desenvolvimento humano.
Acrescenta
que, embora milhares de estudos científicos sobre o assunto tenham sido feitos
e publicados, nenhuma repercussão tiveram na mídia.
Essa
carta, por sua vez, tampouco teve a repercussão esperada.
Nenhum comentário:
Postar um comentário