ELIANE
CANTANHÊDE
Moribunda, mas viva
BRASÍLIA
- Carlinhos Cachoeira está preso desde fevereiro, a construtora Delta
desmoronou, Demóstenes Torres deverá ser cassado no próximo dia 11 e o recesso
parlamentar vem aí. Passado julho, começam para valer a eleição municipal e o
julgamento do mensalão no STF. Quem é que vai querer saber de CPI?
A
pergunta me foi feita anteontem por importante líder político que previa a
morte da CPI sem choro nem vela. E foi respondida ontem na moribunda, mas não
morta, CPI: o jornalista Luiz Carlos Bordoni fugiu da estratégia do silêncio
autorizado pela Justiça e botou a língua nos dentes.
Contou
como recebia pelo caixa dois durante a campanha em Goiás, acusou o tucano
Marconi Perillo de mentiroso, disse que o governador sabia que sua assessora
tinha contatos nada convencionais com o esquema do Cachoeira e jogou na
fogueira a própria filha, em cuja conta parte do pagamento foi depositada.
Teatralmente,
autorizou a quebra do seu sigilo fiscal, bancário e telefônico, assim como o da
filha.
Suas
Excelências, que estão cansadas de CPI e doidas para correr para a campanha nos
seus municípios, perderam as estribeiras. O Fla-Flu, digo, o PT-PSDB país afora
reproduziu-se mais uma vez no campo da CPI, gerando cenas ao vivo daquelas que
justificam retirar as criancinhas da sala. Mas quem ganhou a partida ontem
foram os petistas.
O
tucano Carlos Sampaio trocou desaforos com o petista Paulo Teixeira, o também
tucano Mário Couto ficou fora de si quando o jornalista acusou a CPI de não
querer apurar nada e saiu berrando que tudo era uma "avacalhação". Bem,
nisso nós não discordamos dele. Mas, afora os chiliques, o fato é que não havia
como defender Perillo.
A
CPI começou tortuosa, continuou tortuosa e tende a chegar a lugar nenhum, só servindo
para que PT e PSDB troquem acusações mútuas. Pena que nenhum dos dois lados
tenha realmente como se defender.
elianec@uol.com.br
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