Jaime
Cimenti
Domingo de noite, assuntos e falta
de assunto
Os
meus sete leitores e pouco (um deles tem 1,10m) lerão estas linhas na sexta,
dia 29. Escrevo agora, domingo, 24, 20h39min. Ainda bem que o Inter ganhou de
dois a zero do Sport. Acho que o Dorival garantiu o emprego dele e eu garanti
um bom fim de domingo e umas linhas aqui. Poucos minutos atrás, ouvi uns
estrondos. Pensei que era tiroteio.
Felizmente
não era. Eram fogos de artifício e, pela localização, acho que não eram
daqueles que avisam a galera que a droga está na mão. Melhor assim. Fiquei
feliz em constatar que alguém estava estourando fogos no final do domingo, em
geral o momento mais baixo-astral da semana. Beleza! Estava pensando que as
palavras são de prata e que o silêncio é de ouro, como se dizia antigamente,
quando ainda existia silêncio.
Alguém
deve ter roubado o silêncio e o ouro junto. Estou por aqui e acho meio difícil
escrever uma crônica silenciosa. Melhor não inventar de deixar a página em
branco, tipo o cara que tinha que escrever uma redação sobre preguiça e deixou
o papel em branco. Melhor não, pode dar problema com o meu competente e simpático
editor Cristiano Vieira e não estou a fim de me rebelar contra as normas da
diagramação. Sem stress.
O
negócio é ir moldando, com carinho, o “nariz de cera”, ir enrolando um pouco e
seguir explicando para os leitores que é preciso procurar e encontrar o “gancho”
para um bom texto. Fiquei pensando em
falar do dr. Antônio Carlos de Almeida Castro, o Kakai, verbete do livro O bê-á-bá
de Brasília, do Marcelo Torres. Dizem que ele, advogado de vinte senadores, é o
Resolvedor Geral da República.
No
livro está escrito que, em Brasília, quando a casa cai, o negócio é chamar o
Kakai. Melhor deixar o homem trabalhar em paz e não dar palpite furado. Eu
poderia falar de economia global e de crise europeia e dizer que, se filosofia
funcionasse, a Grécia não estaria daquele jeito. Poderia escrever uma bela crônica sobre a
falta de assunto, mas esse lance está fora de moda.
O
Rubem Braga era ótimo quando escrevia sobre a falta de assunto. Ele olhava pela
janela, ficava falando de passarinho, do tempo e tal. Era legal. O problema é que
hoje em dia está sobrando assunto. Todo mundo falando tudo, toda hora, em todo
lugar e escrevendo e postando tudo em tudo quanto é canto. Os cronistas estão
soterrados com tanto assunto.
Tá todo
mundo virado em seu próprio editor, como disse no século passado o Marshall
McLuhan. Pois é, meus dois mil e quinhentos caracteres terminaram. Deu para a
minha bolinha! Fui! Até sexta que vem! Com
muitos, vibrantes assuntos. Abraço!
Jaime
Cimenti
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