17
de junho de 2012 | N° 17103
TURMA
DE 2012
Nova geração contra o crime
Grupo
de alunos do curso de agentes da Polícia Civil dá prioridade à tecnologia em
lugar da força. No final de 2012, o Rio Grande do Sul receberá uma fornada de 782
novos policiais civis. Quando eles forem incorporados, a Polícia Civil ficará com
6.059 integrantes, seu maior efetivo em 17 anos. E um dos maiores das últimas
três décadas.
E
quem são esses novatos? A valentia continua admirada, o pé na porta ainda pode
ser solução numa emergência, mas os policiais da geração atual dão prioridade a
outros métodos. Computador, lupa, pós químicos e uso da psicologia nos
interrogatórios cada vez mais substituem as armas e os músculos.
Tecnologia
é tudo na moderna investigação policial. E isso começa pela Academia, onde os
candidatos a agente receberão mil horas de aula. Na Delegacia Experimental, uma
sala que reproduz o ambiente onde os futuros policiais trabalharão, a média é de
quase um computador por aluno, com acesso à internet e aos bancos de dados da
segurança.
Os
alunos aprendem a preencher um boletim de ocorrência, a elaborar um inquérito,
a checar antecedentes de um suspeito. Com direito a pesquisar endereços, contas
etc, como acontece numa delegacia real.
humberto.trezzi@zerohora.com.br
Academia
do futuro
- Formação
e idiomas – Desde 1997, todos os policiais civis têm de ter curso superior. Nos
anos 1980, a exigência era feita apenas aos delegados, que tinham de ser
formados em Direito. E, nas décadas anteriores, nem aos delegados. Em alguns
casos eram admitidos delegados não formados, apelidados calças-curtas. Muitos
dos jovens alunos trazem seu notebook às aulas e falam inglês, além de espanhol.
- O
peso da perícia – Os alunos são conduzidos aos prédios do Departamento Médico
Legal (DML) para aulas de anatomia. Vão aos laboratórios do Instituto-geral de
Perícias para adquirir noções de balística, isolamento de local de crime,
recolhimento de provas.
- Cidadania
e Direitos Humanos – Algumas disciplinas da Academia de Polícia Civil são
novidade, se comparadas com o que era ministrado há algumas décadas. A ideia é mostrar
aos policiais que até suspeitos de crime são cidadãos, com direitos a serem
respeitados. Não por acaso, uma das matérias que os novatos aprendem,
ministrada pelo ex-chefe de Polícia Pedro Rodrigues, chama-se Ética e Cidadania:
formando um Policial Cidadão. São temas recomendados pelo Ministério da Justiça
a todas as polícias.
- Seguindo
a cartilha legal – Muita gente não sabe, até por não ser nascida naquela época,
mas até 1988 policiais podiam entrar na casa de suspeitos sem mandado judicial.
A ordem de busca e apreensão era preenchida pelo próprio delegado. Na academia,
os novos alunos aprendem que, sem mandado judicial, o serviço cai por terra. Entrar
sem autorização só mesmo em casos de risco de vida, flagrante ou para evitar um
crime.
- Ambiente
mais feminino – Há três décadas, mulher na Polícia Civil era tão raro que
virava celebridade e motivo de conversa. No atual concurso para agente, quase a
metade dos alunos (41,3%) é mulher. Elas não dispensam batom, mas não fogem das
aulas de judô e adoram o curso de tiro.
- A
polícia mudou – Ainda é possível encontrar policiais de bombacha e alpargata
derrubando uma porta, como ocorreu recentemente numa operação em Viamão, mas a
regra agora é uniforme, escudo protetor, muito planejamento e menos sangue possível.
Qualificação, mas ainda falta quantidade. Embora grande, o novo contingente nem
de longe supre a necessidade de policiais civis, cujo número deveria ser o
dobro do atual.
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