27 de junho de 2012 | N°
17113
PAULO SANT’ANA
O cão leitor
Vocês se lembram da história que
contei aqui, com foto, de um cavalo no cemitério?
Pois, incrivelmente, aquele
cavalo, cujo dono havia morrido já fazia meses, saía de sua estrebaria, a 800
metros de distância do cemitério, e ia até o túmulo do seu ex-dono, todos os
dias pela manhã.
O Araujo me conta agora, aqui na
sala, a história do cão japonês que todos os dias ia até a estação do trem, às
17h, esperar seu dono, que chegava de um lugar distante.
O dono do cão, um japonês, veio a
morrer. E, durante dois anos, todos os dias, às 17h em ponto, o cão continuava
a ir à estação de trem para esperar seu ex-dono.
Os ferroviários, com pena do cão,
davam-lhe de comer e beber.
Que saudade do ex-dono! E que
fidelidade canina.
Estou recordando essas duas
histórias para que os meus leitores acreditem no que vou lhes contar agora.
Anteontem, no Shopping Paseo da
Zona Sul, uma moça de seus 26 anos, acompanhada da mãe, me contou uma história
fantástica, inacreditável, que me diz respeito.
Todos os dias pela manhã, quando
o entregador de Zero Hora deixa o jornal na casa dessa moça, o cão dela, de
nome Pierre, um pastor alemão, escarafuncha no chão o jornal, abrindo-o e
separando os cadernos.
Até que Pierre, o cão mágico do
bairro Floresta, encontra na penúltima página a minha coluna. E, quando dá de
cara com a minha coluna, ele começa a engolir a minha coluna aos pedaços, de
tal sorte que a moça, dona do cão, já pediu para o entregador deixar o jornal
em outra peça da casa, a que o cão Pierre não tem acesso. Porque senão o cão
devora a coluna e a moça que é a assinante não poderá ler minha coluna.
Eu perguntei cinco vezes à moça
se o que ela estava contando era verdade. Ela jurou que era verdade e pediu o
testemunho de sua mãe, que confirmou o fato inteiramente.
Quando ouvi estarrecido a
história, fiquei, então, sabendo por que alguns leitores que são perguntados
pelo nosso call center se gostam da minha coluna respondem: “É boa pra
cachorro!”.
Para que não digam as más línguas
que estou mentindo, junto a estas linhas provas testemunhais e referenciais: a
moça, dona do cão Pierre, tem o nome de Daiane Viana, é estilista e reside no
bairro Floresta. Também é testemunha do fato o senhor Almir Araújo. E
testemunha ocular, inúmeras vezes, do acontecimento é também Mara Viana, mãe da
moça dona do cachorro.
Depois de saber desse fato,
fiquei feliz, achando que este mundo não é tão cão quanto propagam.
E me diz o Nílson Souza, aqui do
meu lado, que, no Menino Deus, há um cão pitbull que acha também minha coluna
no jornal e faz sujeira em cima dela.
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