quinta-feira, 28 de junho de 2012



28 de junho de 2012 | N° 17114
CLAUDIA TAJES

Ninguém vai ver

Uma pequena notícia, daquelas que carece de importância diante da quebradeira da Europa, do Paraguai quebrado e do Cachoeira quebrando a banca. Loucos por algumas fotos exclusivas, três funcionários do Chelsea pegaram, escondidos, a taça que o clube inglês levou por conquistar, pela primeira vez na sua história, a Liga dos Campeões. Um dos três derrubou o troféu. E ele quebrou.

Assim como as crianças que tentam esconder uma arte, os três trapalhões recolocaram, assobiando, a taça no seu pedestal. Quase dá para imaginar o pânico dos coitados. Claro que, no dia seguinte, alguém notou o troféu danificado. E enquanto um prateiro (olha só a profissão do cara) se dedicava ao conserto de emergência, os funcionários foram identificados e suspensos. Mais não se disse sobre o que aconteceu com eles.

Não é de hoje que a estratégia de fazer bobagem quando ninguém está vendo dá problema. Na minha infância, garantiu a confusão sempre que, na ausência da mãe, aproveitei para mexer no guarda-roupa dela, amassando os vestidos e estragando as pinturas. Coisas tiradas do lugar sem autorização nunca cabem de volta nas caixas, não se ajeitam mais nas gavetas, não se empilham com ordem nas prateleiras. Isso quando não se rasgam, não se estragam, não se quebram.

Ia falar também do vexame que o infrator passa quando é apanhado, mas essa não é uma regra. José Maria Marin, atual presidente da CBF, o célebre Zé das Medalhas, foi flagrado embolsando a medalhinha do goleiro do Corinthians na premiação da Copa São Paulo de Futebol Júnior deste ano.

Como não tinha desculpa mesmo, nem se mixou. Já o Lula, em quem sempre votei, arquitetou a aliança com o Maluf na surdina, até que o único foragido da Interpol com endereço fixo que se conhece exigiu uma foto para documentar o momento. Se ficou constrangido, o ex-presidente disfarçou bem. Mas deve ter sentido vergonha quando tomou uma lição de dignidade da Erundina. Para todo mundo ver.

Essa aí de agir pelas costas, achando que fica por isso mesmo, é arriscada demais. Bem melhor é não deixar quebrar.

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