28
de junho de 2012 | N° 17114
EDITORIAIS
ZH
CONTRA O MARASMO
O
mais recente pacote de estímulo ao setor produtivo, anunciado ontem em caráter
emergencial, inova ao substituir a ênfase que vinha sendo dada até agora ao estímulo
ao consumo interno, por meio de incentivos tributários, pela intensificação das
compras governamentais de bens de grande repercussão econômica. O conjunto de
medidas inclui também uma redução 6% para 5,5% da Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP),
o que tende a baratear os investimentos.
Juntamente
com a redução da taxa básica de juros, com a inflação sob controle, com a
melhora no câmbio e com taxas de pleno emprego, essas são medidas necessárias
para assegurar um cenário menos desanimador, numa época de crise global. As
providências, porém, chegam tarde para permitir um desempenho mais próximo das
necessidades do país ainda neste ano, servindo mais para melhorar as
perspectivas para o próximo.
Denominado
de PAC Equipamentos – Programa de Compras Governamentais, o novo Plano de
Aceleração do Crescimento foi formalizado às vésperas da divulgação da mais
recente previsão de crescimento econômico pelo Banco Central, hoje em menos de 3%,
semelhante ao desempenho do ano passado.
É um
percentual equivalente também ao estimado para a economia global, que andava em
6%. Por isso, como ressaltou ontem a presidente Dilma Rousseff, o que o cenário
econômico não permite neste momento são “aventuras fiscais”, ou atitudes como a
de que “nada está acontecendo”. O país, especificamente, precisa é de
investimentos para manter a economia aquecida, preservando assim o nível de
emprego e a renda dos brasileiros.
O
setor público, devido ao seu expressivo potencial de compra, tem condições de
impactar positivamente a atividade econômica se souber aproveitar essa característica
com o máximo de eficiência. No caso específico, a ênfase dos investimentos será
em máquinas e equipamentos, entre outros bens preferencialmente produzidos no
país. É importante que as intenções de compra – parte das quais já previstas no
orçamento deste ano – venham realmente a se confirmar na prática.
A
história recente confirma que situações nas quais os pacotes econômicos se
sucedem, como vêm ocorrendo nos últimos anos, costumam estar associadas a
momentos preocupantes para o futuro imediato do setor produtivo.
Por
isso, o Planalto age certo ao optar por medidas de estímulo e ao tentar
transmitir confiança na superação da crise, como se esforçaram ontem a
presidente da República e o ministro da Fazenda, Guido Mantega. O país, porém,
estaria mais tranquilo sob esse aspecto se, além de medidas pontuais, pudesse pôr
em prática mudanças mais amplas e de impacto a longo prazo, como as esperadas
reformas previdenciária e tributária, além de uma racionalização de gastos que
permitisse investir mais em infraestrutura.
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