sexta-feira, 15 de junho de 2012



A saga da construção do Canal do Panamá

História secreta de Costaguana (264 páginas, L&PM), segundo romance do colombiano Juan Gabriel Vásquez, com tradução de Heloisa Jahn, narra a heróica saga da construção do Canal do Panamá, entre 1880 e 1914. O tradutor e colunista literário Vásquez ingressou na literatura com brilho através do romance Os informantes, publicado pela L&PM em 2010, e estará na Festa Literária Internacional de Paraty (Flip) 2012.

Tal como no romance anterior, Vásquez reflete sobre as relações entre a literatura e a vida e explora as fronteiras entre as Histórias e as histórias privadas. Narrado em primeira pessoa por José Altamirano, o romance parte do encontro do protagonista com o imortal novelista inglês Joseph Conrad em Londres, em 1903, e resgata a história da Colômbia e do Panamá quando estes não eram países diferentes, de 1820 a 1904.

O segredo do romance está num país que não pode ser encontrado no mapa. Costaguana pertence à literatura. A história revela um dos grandes roubos da literatura - a apropriação indevida por Conrad da vida de Altamirano e como o grande romancista transformou a história pessoal do ambíguo Altamirano, traidor da pátria, no clássico Nostromo.

De maneira poética e provocadora, Vásquez recupera a especulação de que Conrad teria passado pela Colômbia em 1876 como um jovem contrabandista de armas e de que teria baseado Nostromo na história política da Colômbia do século XIX.

No enredo estão descritas em detalhes as vivências de três gerações da família Altamirano, a saga heróica da construção do Canal do Panamá e os conflitos que levaram à independência do Panamá da Colômbia. Como se sabe, a trágica construção do canal deu lugar a uma disputa internacional e sua finalização só foi possível sob o patrocínio dos Estados Unidos que, além de financiar a construção dessa obra faraônica, tiveram papel preponderante na independência panamenha, visando manter o controle do canal.

Vásquez, ao mesmo tempo em que retrata conflitos familiares, desvela o colonialismo em todas as suas facetas e expõe as fraquezas e o ridículo da política sul-americana, com uma irreverência recheada de referências históricas e literárias. O romance ganhou o Qwerty de melhor romance em língua espanhola e o Fundación Libros&Letras - Bogotá e foi indicado ao britânico Independent Foreign Fiction Prize.

O The Independent classificou Vásquez como o novelista colombiano mais erudito e inventivo da atualidade e a mídia espanhola definiu a obra como “poderoso exercício metaliterário”. Por aí.

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