20
de junho de 2012 | N° 17106
ARTIGOS
- Maria Regina Fay de Azambuja*
O álcool e as festas de
formatura
É
cada vez mais precoce o início do uso do álcool por nossas crianças e
adolescentes. Na família é onde tudo começa. Costuma-se aliar sentimentos de
felicidade e de comemoração com o uso da bebida alcoólica.
As
crianças, desde cedo, são testemunhas presenciais deste binômio. Na escola, ao
concluírem o ensino fundamental e médio, as festas de comemoração são uma
constante. Por ação do Ministério Público, em Porto Alegre, desde 2009, um
termo de ajustamento de conduta veda o uso de álcool nas festas de formatura,
seja do ensino fundamental ou médio. Iniciativa semelhante também foi adotada
pela promotoria de Santa Maria e Passo Fundo, dentre outras. Parecia
solucionado o impasse, quebrando-se com o costume de aliar comemoração e álcool
para os mais jovens.
No
entanto, proibido o uso do álcool nas festas, passou-se a facilitar o seu uso
pelas crianças e pelos adolescentes antes de chegarem ao local da festa.
Encontros na casa dos pais e nos salões de festas de condomínios servem para
esquentar e preparar o clima de comemoração, regado a bebida alcoólica.
Mesmo
sem bebida alcoólica nos salões de festas, nossos jovens já chegam sob o efeito
do álcool, por vezes, levados pelos próprios pais.
Buscando
trabalhar a prevenção, através da conscientização da família, da sociedade e do
poder público sobre os malefícios do uso precoce, instituiu-se, em 25 de
outubro de 2011, por iniciativa do Ministério Público, o Fórum Permanente de
Prevenção ao Uso e à Venda de Bebida Alcoólica por Criança e Adolescente,
reunindo inúmeros parceiros em torno desta causa. Escolas, Secretaria Municipal
de Indústria e Comércio de Porto Alegre, Polícia Civil, Brigada Militar, EPTC,
organizações não governamentais e diversos profissionais reúnem-se, todos os
meses, para tratar do tema.
Mais
recentemente, foram criados dois grupos de trabalho. O primeiro, composto por
quatro escolas particulares e grupos de pais, está se dedicando a traçar um
projeto-piloto de prevenção e cuidado para as formaturas de final de ano
(2012); o segundo, formado pelos profissionais da comunicação do Ministério
Público, escolas e demais parceiros, desenvolve proposta de envolvimento da
sociedade com a causa.
São
sementes que estão sendo lançadas por representantes de pais, profissionais da
educação, saúde, segurança e Justiça que acreditam na possibilidade de romper
com o modelo imposto e cuidar melhor da infância e da juventude. As
adversidades são grandes, os interesses econômicos maiores ainda. O espaço de
reflexão e de ação é novo e precisamos fortalecer nossas ações se queremos um
mundo melhor. Junte-se a nós!
*PROCURADORA
DE JUSTIÇA, PROFESSORA NA FACULDADE DE DIREITO DA PUCRS
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