DANUZA
LEÃO
Sobre o
assassinato
Na
vida real, muitas mulheres que se sabem traídas têm vontade de matar. Algumas
até matam
A
imprensa tem sido amável e discreta, com Elize Matsunaga; reproduziu o diálogo
entre ela e seu (ex?) marido do jeito que ela contou, claro, já que não havia
ninguém presente, além dos dois. Ok, jornais e revistas devem ser imparciais,
mas existe limite para tudo; em certos casos, até para a imparcialidade.
Marcos
Matsunaga estava traindo Elize? Estava, e se todas as mulheres tivessem o
direito de matar os maridos que as traem, sobrariam poucos para contar a
história.
Ele
ameaçou tirar a guarda da filha dela? Todos dizem isso na hora da separação.
Foi encontrar a nova namorada no carro (dado por ele) de Elize? Razão para uma
certa simpatia pela mulher traída: um absurdo ele usar o carro da própria
mulher para sair com a outra. Ela estava visitando a família no Paraná, com a
filha e a babá, enquanto ele a traía? Mais digna de simpatia ainda. Seu marido
presenteou a nova namorada com um carro? Repetiu o que havia feito com Elize
quando a conheceu, ainda casado.
Na
hora da briga ele a chamou de prostituta? É melhor mesmo que ninguém se lembre
nem do que ouviu, nem do que falou nessa hora, tudo faz parte. Não costumam ser
coisas amáveis, mas há muitos que esquecem e até fazem as pazes depois.
Ele
a agrediu fisicamente? Nenhuma novidade, também costuma acontecer.
Na
vida real, muitas mulheres que se sabem traídas -e sobretudo as que têm uma
prova, como o vídeo feito pelo celular- têm vontade de matar. Algumas até
matam, a maioria não, mas que muitas têm vontade, isso têm. As que matam
costumam ser rápidas; mulher não gosta de ver sangue.
Segundo
os jornais, Elize vai ser acusada de assassinato e ocultação de cadáver; não
por esquartejamento -esse detalhe não deve existir no Código Penal, como também
não deve existir a antropofagia, coisas inadmissíveis na cabeça dos que fazem
as leis.
A
morte de uma pessoa querida é sempre dolorosa; se for uma morte violenta, mais
dolorosa ainda. Se seguida de esquartejamento, nem dá para imaginar o que deve
ter sentindo a família de Marcos Matsunaga na hora do enterro. Não existem
palavras para avaliar essa dor.
A
frieza de Elize é monstruosa. Eu teria medo de deixá-la sozinha com a própria
filha, pois ela parece capaz de tudo, e não sei se existe um nome para definir
uma doença tão, tão -nem sei o quê. Crimes como esse, confessados e
comprovados, não merecem nem julgamento.
Não
gosto de pensar no que seus advogados vão dizer, na tentativa de absolvê-la;
nessa hora, advogados são capazes de tudo. E choca ver que as pessoas não estão
dando muita importância ao caso, e que estão tratando Elize como uma pessoa
quase normal, com o respeito que se deve dar a qualquer ser humano; só que ela
não é um ser humano, é um monstro, e monstros devem ser tratados como tal.
Em
outros tempos, certos crimes davam manchetes, e até nomes aos assassinos; quem
já era nascido deve lembrar da "fera da Penha".
Nem
lembro mais quem ela matou, mas de como ela era chamada não esqueci. Por que
será que um crime tão hediondo como o de Elize quase não mobiliza ninguém, nem
numa conversa entre amigos?
Está
faltando a capacidade de se indignar, e isso é preocupante.
danuza.leao@uol.com.br
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