sexta-feira, 15 de junho de 2012



15 de junho de 2012 | N° 17101
ARTIGOS -LUCIANO KLÖCKNER*

Os verdadeiros indicadores de uma nação

É tragicômico observar as entrevistas das autoridades tentando – é interessante frisar: tentando – explicar, através da mídia, os porquês de o Brasil crescer apenas X vírgula Y por cento em 2012, com projeção de não sei quantos por cento em 2013, patati-patatá... Que o Fome não sei o quê... Que o projeto aquele do leite...

O público já não aguenta mais explicações do que é inexplicável. Os verdadeiros indicadores – desculpem autoridades! – não estão a sair das línguas, mais ou menos afiadas, dos “representantes do povo ou do governo”. Tampouco nas pesquisas de siglas oficiais, feitas em salas refrigeradas.

Os verdadeiros indicadores estão no meio do povo, estão roçando em nossas caras todos os dias: a quantidade de mendigos aumentou na sua cidade? A comida é farta na sua panela? O total de esfomeados que hoje tiveram acesso a um prato de comida o fizeram com alegria ou estão humilhados na sua dignidade por serem obrigados a catar restos nas latas de lixo?

Alguém olhou para os seus rostos, enquanto engoliam apressadamente o alimento? Cresceu a quantidade de alunos que realmente aprenderam e apreenderam algo na escola? Alguém deixou de ser atendido nos postos de saúde?

E a quantidade de presídios desativados hoje? O quê! Não temos mais nenhum? O número de bons-dias que distribuímos na rua pela manhã teve reciprocidade? O quê! Nenhum tiro perdido acertou a cabeça de alguém nessa quarta-feira?! Os pardais não flagraram nenhum motorista acima dos 60 km/h nas ruas e avenidas! Não é possível... Nenhuma pessoa morreu atropelada na calçada por um bêbado que se equilibrava ao volante?

Nenhum assalto... Estupro... E nem roubo no dinheiro da Previdência, nem desvio de recursos públicos, nem distribuição de propinas para votar em projetos do governo... Os impostos diminuíram para o povo... Ué, será que o Brasil ficou “bacana”?

Não há dúvida. A nossa nação e o planeta serão melhores, creio, quando trocarmos os complexos cálculos da inflação e da cesta básica feitos em computadores de última geração por um olhar mais atento ao que se passa nas ruas das nossas cidades. Afinal, as eleições municipais estão aí. Ao que parece, o problema é que tem muita gente que não enxerga mesmo! E, por não enxergar, prefere explicar para o povo o que é cada vez mais inexplicável. Candidatos a prefeito e a vereador: é hora de abrir os olhos!

*JORNALISTA E PROFESSOR UNIVERSITÁRIO

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