12
de agosto de 2013 | N° 17520
L. F. VERISSIMO | L.F. VERISSIMO
Vá entender
Vá
entender 1: quando era raro mulher ir a futebol, os calçõezinhos curtos dos
jogadores deixavam suas coxas reluzente à mostra. À medida que mulheres
começaram a frequentar os estádios, os calções foram aumentando de tamanho.
Hoje são até mais compridos do que os que usavam os europeus, e dos quais
dávamos risadas.
Quando
o Arsenal veio jogar no Brasil, na pré-história, nada parecia mais estranho do
que seus calções até os joelhos. Hoje, vendo jogos antigos da seleção e de
times brasileiros, nada parece mais estranho do que seus calçõezinhos
apertados. As coxas reluzentes foram sonegadas das moças. Explicações
sociológicas à vontade.
Vá
entender 2: na Europa, as manifestações populares são contra a austeridade e o
corte nos gastos sociais do governo, para pagar as dívidas e sanar as finanças.
No Brasil, as manifestações são pela austeridade: protestam, entre outras
coisas, pelo desperdício de dinheiro em estádios de futebol e os outros custos
da Copa.
Claro
que nem os manifestantes europeus pedem que seus governos construam estádios de
futebol para ficarem ociosos, como exemplo de estimulo à economia, nem os
manifestantes brasileiros pedem que o governo não gaste nada. Mas o contraste
entre as reivindicações de parte a parte mostra como essa questão de
intervencionismo keynesiano versus conservadorismo monetarista pode ser apenas
uma questão de geografia.
Vá
entender 3: e chegamos, não me pergunte como, aos pelos pubianos. Durante
muitos anos, a “Playboy” americana publicou fotos de mulheres nuas sem mostrar
seus pelos pubianos. Até que houve uma edição histórica por duas razões: pela
primeira vez, a nua do mês era negra e apareciam seus pelos pubianos.
Agora,
como sabe, quem costuma ver a “Playboy” brasileira, os pelos pubianos voltaram
a desaparecer. Não por obra de retoque editorial ou fotoshop, mas por obra das
próprias mulheres, que os raspam – ou no máximo os reduzem a um bigodinho do
Hitler.
PAPO
VOVÔ
Lucinda,
nossa neta de cinco anos, volta e meia aparece com palavras novas, que não
sabemos onde aprendeu. Sua palavra favorita, no momento, é “estatelado”. E no
outro dia ela estava brincando de apresentadora de um programa culinário e,
quando terminou seu bolo de faz de conta, mostrou para a câmera imaginária e
disse: “Voalá!” . Ficamos estatelados.
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