31
de agosto de 2013 | N° 17539
ARTIGOS
- José Fortunati*
Ação pela cidadania
Neste
domingo, dia 1º de setembro, terá início em Porto Alegre uma ação de vários
significados. Tal iniciativa resultará em maior dignidade e justiça social para
trabalhadores e seus familiares, em benefício para animais, para o meio ambiente
e para o trânsito e ainda atende à exigência de legislação.
Com
participação de governo e comunidade, a multiplicidade também está expressa nos
atores envolvidos. Trata-se da retirada gradativa de circulação de veículos de
tração animal e de tração humana mais conhecidos como carroças e carrinhos das
ruas da Capital gaúcha.
A
partir de agora, em sete das 17 regiões administrativas da cidade Centro-Sul,
Cristal, Cruzeiro, Glória, Lomba do Pinheiro, Partenon e Sul a circulação
desses veículos será proibida. Até junho de 2015, a medida será implantada em
praticamente toda a cidade na Extremo Sul, a restrição não será aplicada.
Na
leitura mais imediata, a retirada de carroças e carrinhos significa cumprimento
à Lei nº 3.581/08, do então vereador e hoje vice-prefeito de Porto Alegre,
Sebastião Melo. Mas vai bem mais adiante. Como poderíamos impedir a circulação
desses veículos sem garantir a continuidade e a melhoria da atividade
profissional da qual dependem, estima-se, 1,8 mil famílias?
Carroças
e carrinhos são utilizados principalmente para coleta de resíduos sólidos,
dentro da cadeia produtiva da reciclagem. Para responder a esse desafio, a
prefeitura optou por estabelecer parcerias com a comunidade, a iniciativa
privada e com outras instâncias de governo, que resultaram no Todos Somos Porto
Alegre – Programa de Inclusão Produtiva na Reciclagem.
Com
financiamento do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, Braskem
e, claro, da própria prefeitura, o programa tem o objetivo de garantir inserção
profissional a carroceiros e carrinheiros, pretendam eles prosseguir em
atividade relacionada à reciclagem ou migrar para outra área.
O
programa também contempla o bem-estar de cavalos, recolhidos juntamente com
carroças, que serão encaminhados para doação e para condições de existência
livre de maus-tratos e menos estafantes. A iniciativa dedica-se ainda a
qualificar a atuação de centros de triagem, contribuindo para uma cidade mais
limpa e sustentável.
Há
pouco mais de dois anos, Porto Alegre construiu excelência com o reassentamento
da comunidade da Vila Chocolatão, um triste cenário de miséria, insalubridade,
dor e perigo então encravado no centro da cidade. A solução adotada foi muito
além de deslocar as pessoas para outra região. Construímos, sim, uma nova
perspectiva de existência para aquelas 700 famílias. E o caminho foi o mesmo
que agora aplicamos à questão das carroças e carrinhos: a decisão coletiva, a
ação conjunta de governo e sociedade, a democracia participativa que tão cara é
à nossa Porto Alegre.
*PREFEITO
DE PORTO ALEGRE
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