sexta-feira, 23 de agosto de 2013

Jaime cimenti

Reflexões sobre as manifestações de junho

Cidades Rebeldes - Passe Livre e as manifestações que tomaram as ruas do Brasil é o primeiro livro impresso sobre os protestos que ocorreram nas ruas de cidades brasileiras em junho deste ano e que ficaram conhecidos como As jornadas de junho. A coletânea traz textos de autores nacionais e internacionais, como Paulo Arantes, Roberto Schwarz , David Harvey, Jorge Luiz Souto Maior e um de criação coletiva, de autoria do Movimento Passe Livre - São Paulo.

Um ensaio fotográfico da rede Mídia Ninja está no volume. Os textos apresentam perspectivas e vozes múltiplas e foram escritos, por encomenda, no calor da hora, abordando questões de mobilidade urbana, cobertura da imprensa, segurança, educação, representatividade e fazendo conexões com movimentos recentes ocorridos em outros pontos do planeta.

O mundo sempre teve e sempre necessitou da maturidade fria dos adultos mesclada ao calor da rebeldia da juventude. O novo sempre vem. Os questionamentos sobre a vida nas grandes cidades e sobre formas de administração fazem parte da história da humanidade. A voz da rua não é uníssona, é mais um concerto dissonante, múltiplo, com elementos revolucionários e conservadores.

Claro que ainda é cedo para análises mais profundas e definitivas sobre o que vem acontecendo, mas Cidades rebeldes, criado sob a inspiração do livro Rebel Cities: From the right do the city to the urban revolution, de David Harvey, publicado pela editora Verso em 2012, traz sua contribuição para os leitores entenderem o que está rolando e para lançarem olhares sobre o futuro do Brasil e do mundo globalizado. As manifestações possibilitaram e possibilitam debates essenciais sobre educação, corrupção, gastos públicos, modo de fazer política, transporte, saúde e segurança.

Ainda é cedo para saber da exata dimensão popular das manifestações e dos reflexos das mesmas nas próximas eleições e no futuro do País. A natureza digital e dinâmica dos movimentos dificulta análises e projeções mais precisas , mas os textos da obra lançam reflexões, dados e luzes importantes para saber no que já deu e no que vai dar a mobilização.

Consciência, senso crítico, choque de realidade e os toques de humor das manifestações estão nos trabalhos do livro, que inaugura a coleção Tinta vermelha, da Boitempo Editorial. Com 112 páginas, a obra conta com a participação da Carta Maior e com o apoio da Fundação Rosa Luxemburgo.


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