Jaime
cimenti
Reflexões sobre as manifestações de
junho
Cidades
Rebeldes - Passe Livre e as manifestações que tomaram as ruas do Brasil é o
primeiro livro impresso sobre os protestos que ocorreram nas ruas de cidades
brasileiras em junho deste ano e que ficaram conhecidos como As jornadas de
junho. A coletânea traz textos de autores nacionais e internacionais, como
Paulo Arantes, Roberto Schwarz , David Harvey, Jorge Luiz Souto Maior e um de
criação coletiva, de autoria do Movimento Passe Livre - São Paulo.
Um
ensaio fotográfico da rede Mídia Ninja está no volume. Os textos apresentam
perspectivas e vozes múltiplas e foram escritos, por encomenda, no calor da
hora, abordando questões de mobilidade urbana, cobertura da imprensa, segurança,
educação, representatividade e fazendo conexões com movimentos recentes
ocorridos em outros pontos do planeta.
O
mundo sempre teve e sempre necessitou da maturidade fria dos adultos mesclada
ao calor da rebeldia da juventude. O novo sempre vem. Os questionamentos sobre
a vida nas grandes cidades e sobre formas de administração fazem parte da história
da humanidade. A voz da rua não é uníssona, é mais um concerto dissonante, múltiplo,
com elementos revolucionários e conservadores.
Claro
que ainda é cedo para análises mais profundas e definitivas sobre o que vem
acontecendo, mas Cidades rebeldes, criado sob a inspiração do livro Rebel
Cities: From the right do the city to the urban revolution, de David Harvey,
publicado pela editora Verso em 2012, traz sua contribuição para os leitores
entenderem o que está rolando e para lançarem olhares sobre o futuro do Brasil
e do mundo globalizado. As manifestações possibilitaram e possibilitam debates
essenciais sobre educação, corrupção, gastos públicos, modo de fazer política,
transporte, saúde e segurança.
Ainda
é cedo para saber da exata dimensão popular das manifestações e dos reflexos
das mesmas nas próximas eleições e no futuro do País. A natureza digital e dinâmica
dos movimentos dificulta análises e projeções mais precisas , mas os textos da
obra lançam reflexões, dados e luzes importantes para saber no que já deu e no
que vai dar a mobilização.
Consciência,
senso crítico, choque de realidade e os toques de humor das manifestações estão
nos trabalhos do livro, que inaugura a coleção Tinta vermelha, da Boitempo
Editorial. Com 112 páginas, a obra conta com a participação da Carta Maior e
com o apoio da Fundação Rosa Luxemburgo.
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