Escolas melhoram ensino e criam
novos negócios com big data
São
Paulo – Se há uma lição que universidades e escolas aprenderam com as redes
sociais e os gadgets móveis, é que a tecnologia tem tudo para ser uma grande
aliada do ensino. Um dos benefícios mais sensíveis percebidos pelas escolas foi
a adoção de serviços de computação em nuvem. Afinal, com os dados disponíveis
em servidores remotos, foi possível dar sentido à onda de mobilidade
experimentada por alunos e estudantes, oferecendo apostilas, provas e conteúdo
didático multimídia acessível de qualquer lugar, por qualquer dispositivo.
Agora,
com os dados de desempenho de alunos e materiais didáticos digitalizados, os
colégios experimentam uma segunda onda de inovação, a adoção de serviços de big
data. Como o próprio nome sugere, essa tecnologia consiste no processamento e
análise de grandes volumes de dados, recurso que pode oferecer informações
preciosas para melhorar a eficácia de conteúdos ensinados, diminuir a evasão de
alunos e até permitir às escolas a descoberta de novas áreas de atuação.
De
acordo com o diretor de gestão da informação e performance da consultoria PwC,
Rui Botelho, empresas estão desenvolvendo serviços de análise das informações
registradas nos sistemas de TI de escolas e universidades para ajudá-las a
interpretar esses dados. “Com essas análises, é possível descobrir em que
classes há diferenças de aprendizagem e, no caso de escolas com muitas
unidades, quais apresentam maior ou menor deficiência”, afirma Botelho.
Segundo
o consultor, algoritmos de big data vasculham todas as informações geradas pelo
histórico de matérias acessadas por alunos na nuvem e relacionam suas notas,
ausências e comentários publicados ao seu aproveitamento escolar, gerando relatórios
ricos, que servem de insumo para que os educadores identifiquem os pontos
fortes e fracos de suas turmas.
Uma
das vantagens do binômio computação em nuvem e big data é permitir a análise de
dados em tempo real. Assim, podemos observar a compreensão de um determinado
conteúdo por meio de uma prova online aplicada logo após a aula e, depois, o próprio
algoritmo de análise poderá sugerir livros ou identificar as deficiências de
cada estudante, destaca Botelho.
Oportunidades
para empreendedores – A digitalização da sala de aula deve abrir, ainda, novas
oportunidades para empreendedores individuais ou escolas inovadoras. Uma
possibilidade, por exemplo, é a venda de conteúdos em formato digital, um serviço
que nem todas as escolas dominam plenamente e, por isso, podem necessitar de
parceiros.
Outro
aspecto que pode ser melhorado é a evasão de alunos, um problema comum a todas
as universidades. Afinal, todos os anos, por razões variadas, boa parte dos
alunos que ingressaram em um curso vai abandonar os estudos. Uma das formas de
reduzir a taxa de desistência nas instituições é detectar os alunos com maior
propensão a dar continuidade aos estudos e torná-lo um influenciador do curso
em sua rede de relacionamentos.
Identificando
amigos que se conhecem, em tese, dá para identificar o perfil dessas pessoas e,
dentro da rede virtual, criar ofertas e campanhas direcionadas para que alunos
propensos a se formar influenciem os amigos a seguir em frente nos estudos e,
ao mesmo tempo, criar campanhas específicas para fidelizar estudantes com maior
probabilidade de desistir, indica Botelho.
De
acordo com o professor do curso de pós-graduação da ESPM Gil Giardelli, com
apoio em novas tecnologias, como nuvem e big data, as universidades brasileiras
podem se articular entre si e criar cursos globais, abrindo novos mercados.
“Por
que não podemos ganhar escala e tornar nossas escolas players da educação
global?”, questiona. Segundo Giardelli, esse conceito já é explorado por
universidades americanas e, do ponto de vista tecnológico, algo plenamente viável
para as instituições brasileiras. O desafio é explorar as tecnologias de nuvem
e big data em favor da educação e dos negócios.
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