PAULO
PEIXOTO - DE BELO HORIZONTE
Chefe dos médicos de MG diz que
cubanos são ilegais e chamará a polícia
Presidente
da seção mineira do Conselho Regional de Medicina, o pediatra João Batista
Gomes Soares disse que serão considerados "ilegais" os médicos
cubanos que não apresentarem o Revalida, o exame para revalidação de diplomas
estrangeiros.
Nesse
caso, o órgão acionará a polícia para o médico estrangeiro. No programa Mais
Médicos, o governo federal dispensou a aprovação nesse exame e instituiu uma
avaliação a ser feita no Brasil.
Ministério
Público vai questionar importação de médicos cubanos. Médicos estrangeiros
contratados pelo governo chegam hoje ao Brasil
Soares
disse que esse procedimento é necessário para que o órgão possa ter em mãos um
boletim de ocorrência e, dessa forma, acionar a Justiça pelo "crime de
exercício ilegal da medicina". Sem o Revalida, o CRM-MG não reconhecerá o
médico cubano.
"Em
que pese haver uma medida provisória, há uma lei. A medida provisória não
revoga a lei. A lei é clara: exige que o médico faça o Revalida e a prova que
ele sabe se comunicar com os pacientes. Existe um protocolo que temos que cumprir
e não é [só] para cubano, é para todo mundo", disse.
"Daremos
um prazo para ele. Caso ele não cumpra, a gente o aciona por exercício ilegal
da medicina, aí a coisa vai virar jurídico. [...] Inicialmente, para denunciar
exercício ilegal, tem que ser ocorrência policial", afirmou.
Em
que pese a polícia ser chamada, o CRM, contudo, não tem como impedir o médico
de continuar trabalhando. O profissional continuará exercendo as suas
atribuições para o qual foi contratado pelo governo brasileiro, enquanto o processo
eventualmente tramita.
"A
gente não pode impedi-lo porque ele não é médico, não está regularizado, não
tem CRM. O nosso poder é sobre o médico", disse o presidente do CRM-MG.
Soares
também disse que os médicos brasileiros não devem assumir nenhuma
responsabilidade sobre condutas dos médicos cubanos, caso ocorra problema no
atendimento a algum paciente.
"Os
médicos brasileiros não são tutores de médico nenhum que vem para cá. Não temos
que ensinar médico cubano, não é nossa obrigação. Então, nós não temos que
consertar conduta de médico cubano. Por outro lado, nós temos obrigação com os
pacientes", disse.
Ele
acrescentou: "Deixar de atender a pessoa nós não podemos. Agora, consertar
a conduta de médico estrangeiro, nós não temos a obrigação, não".
O
presidente do CRM mineiro fala sobre a hipótese de um médico cubano realizar um
atendimento errado. Nesse caso, segundo ele, a orientação é que o médico
brasileiro explique para o paciente o que aconteceu.
"Eu
vou dizer para o paciente assim: em vista do que foi feito, eu não tenho
solução para o seu problema, não, mas eu não vou deixar de atender, vou
avaliar", disse, citando um caso, por exemplo, de um diagnóstico errado de
diarreia para um caso de apendicite.
Nesse
caso, ele disse que é preciso deixar claro para o paciente que ele não poderá
se responsabilizar pelo que foi feito. Alega que isso é até uma defesa em caso
de um ação judicial movida pelo paciente.
"O
CRM não pode se responsabilizar por nenhum caso de erro. Ele entrou por causa
de uma medida provisória, e o governo vai se responsabilizar?", disse.
Questionado
pela Folha se os profissionais de Cuba correm o risco de ficarem marginalizados
na classe médica, o presidente do CRM afirmou: "Isso a gente tem que
evitar que aconteça, mas esse risco existe. Eu acho que, uma vez que o
indivíduo é profissional e veio para trabalhar, temos que respeitá-lo. Ele não
pode ser considerado o vilão da história".
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