15
de agosto de 2013 | N° 17523
EDITORIAIS
Loteamento descarado
O
que mais causa perplexidade no caso da Companhia de Processamento de Dados de
Porto Alegre (Procempa) é a decisão da prefeitura de manter o comando da
empresa nas mãos do PTB, que não conseguiu indicar gestores capazes de evitar
irregularidades. Se as suspeitas, antes apenas sugeridas mas sempre negadas
pelos acusados, se tornaram públicas em maio e, desde então, assumem dimensões
impressionantes, por que a administração pública precisa continuar loteada em
troca de apoio político?
No
caso específico, a própria Procempa – que pela seriedade da maioria de seu
quadro funcional teria potencial para se firmar como referência na sua área de
atuação – acabou se transformando num triste símbolo da ocupação da máquina por
políticos preocupados acima de tudo com seus interesses pessoais.
Um
de seus conselheiros e expoente do partido responsável pelo comando da empresa,
em cuja residência foi encontrado um arsenal e elevada quantia em dinheiro
vivo, é conhecido por ter sido o padrinho tanto do presidente recém afastado
quanto de diretores, além de servidores em cargo de confiança e até estagiários.
É surpreendente
e ao mesmo tempo inaceitável que um patrimônio dos porto-alegrenses, como a
Procempa, continue à mercê de interesses político-partidários mesmo depois de
tantas irregularidades terem vindo à tona. Entre elas, está o sumiço de
documentos que poderiam comprovar as deformações, parte dos quais localizados
agora na residência de um ex-dirigente.
Diante
das evidências de descalabro apontadas pela atuação do Ministério Público, não
basta apenas uma eventual punição para os responsáveis pelas fraudes. Se a
Procempa tem efetivamente um papel a cumprir, é preciso que seja gerida por
profissionais, não por políticos.
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