RUTH DE AQUINO
23/08/2013 21h33 - Atualizado em 23/08/2013 22h34
Sugiro um programa: o “Menos
Políticos”
Os médicos cubanos não sairão em passeata porque, no país
deles, isso dá cadeia
Como o governo Dilma anunciou estrepitosamente os programas
Mais Médicos e Mais Professores para resolver nossas sérias deficiências na
Saúde e na Educação, deixo aqui minha contribuição para o PT ganhar votos nas
eleições: um programa ambicioso, apoiado em quatro vertentes – Menos Ministros,
Menos Senadores, Menos Deputados, Menos Vereadores. Todos agrupados sob uma
mesma sigla: MP, de Menos Políticos.
Com esse corte nos supérfluos (os políticos), o Brasil
economizaria grana para comprar gaze, maca, termômetro... e também carteiras
escolares, quadro-negro, giz... essas coisas sofisticadas que só faltam no
Quinto Mundo – no interior e na periferia do Brasil. Também daria para pagar
melhor os médicos e os professores, que ganham bem menos que o garçom do
Senado.
Se fôssemos além e acabássemos com a roubalheira e as
mordomias vitalícias dos políticos (e seus parentes), a verba seria tão
volumosa que conseguiríamos salvar milhares de pacientes que morrem nas filas.
Fila de leito de UTI, fila de remédio, fila de hospital, fila de transferência,
fila de ambulância. Acabaríamos com as filas obscenas de pessoas à beira da
morte. Não seria uma excelente medida eleitoreira, para figurar na propaganda
político-partidária na televisão?
Com o programa Menos Políticos – já que o país funciona
muito bem nas férias e nos recessos do Congresso –, nem precisaríamos fazer a
maldade de retirar de nossos hermanos 4 mil médicos. Será que não farão falta
na ilha? Os médicos importados pelo Brasil são todos ligados ao governo eterno
dos irmãos Castro. Somente os socialistas empedernidos têm autorização para vir
trabalhar no Brasil. Caso contrário, esse programa poderia se revelar um
fiasco.
No ano passado, Cuba registrou o maior êxodo de cidadãos
desde 1994: quase 47 mil cubanos deixaram a ilha em 2012. Imagine se alguns
desses médicos importados agora resolvem pedir asilo ao governo Dilma. Terão a
mesma sorte dos dois jovens boxeadores cubanos nos Jogos Pan-Americanos do Rio
de Janeiro, em 2007. Não queriam voltar para Cuba, foram acusados por Fidel de
“traição à pátria”, e Lula se livrou deles rapidinho. Deram o azar de não ser
italianos. O Brasil abre portas e fundos a refugiados africanos que
aproveitaram a Jornada Mundial da Juventude para aqui ficar. Mas os cubanos
serão sempre mandados de volta.
Os 4 mil médicos cubanos que devem chegar ao Brasil até o
fim do ano atenderão pacientes em lugares chinfrins, sem mojito e sem qualquer
infraestrutura, rejeitados por médicos brasileiros. A iniciativa em si é
louvável: colocar médicos para atender populações totalmente desassistidas em
701 cidades do Norte e Nordeste brasileiros.
Não gosto da histeria que produz argumentos burros e
demolidos facilmente. Alguns argumentos derivam do corporativismo: “Não
queremos médicos estrangeiros”. Não dá, não é? Outra alegação ridícula: “Ah,
eles não falam português”. Como se médicos não pudessem atender pacientes a não
ser que falassem o mesmo idioma. Ainda mais se tratando de espanhol. Eles não
são russos nem chineses, são cubanos. Revalidar o diploma é importante, embora
a gente saiba que há muito médico brasileiro com diploma e sem competência para
exercer a profissão.
Os problemas reais são outros. O principal é que, por
melhores e mais profissionais que sejam esses médicos cubanos, a presença deles
não muda em nada nosso caos cotidiano na Saúde. Sem os apetrechos básicos, sem
ambulâncias, sem leitos, sem remédios e sem condições de realizar exames ou de
transferir doentes, o médico de Fidel se perguntará em que roubada os dois
governos o meteram. E nada acontecerá, porque ele aprendeu a ser
bem-comportado. Não denunciará o governo Dilma nem sairá em passeata, porque no
país dele isso dá cadeia.
O outro problema entra nos campos trabalhista e moral. O
Ministério Público já começou a investigar essa transação esquisita de
profissionais da Saúde. Ouvimos que Cuba exporta médicos para dezenas de países
e que se trata de um sistema corriqueiro, oficial e nada clandestino. Ok. Mas a
transação é esquisita, porque os médicos cubanos ganharão no fim das contas uma
merreca.
A coisa funciona assim: os salários deles saem do nosso
bolso em forma de impostos, passam pelo Palácio do Planalto em Brasília e
acabam no Palácio da Revolução em Havana. O Brasil pagará por médico “uma bolsa
mensal de R$ 10 mil”. O grosso será embolsado pela ditadura morena cubana.
Os médicos enviados à Venezuela no mesmo esquema recebem
cerca de R$ 550. Em Cuba, um médico ganha entre R$ 60 e R$ 100 por mês. Quanto
ganhará no Brasil? Se essa exploração não é ilegal pelos padrões de Dilma e dos
irmãos Castro, deveria ser imoral. O que é isso, companheiros?
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