14
de agosto de 2013 | N° 17522
PAULO
SANT’ANA
Riveros estoico!
Minha
filha Fernanda Wainer tem duas lojas de doces, uma na Nilo Peçanha, aqui em
POA, a outra nos Jardins, em São Paulo.
Minha
filha querida viaja daqui para São Paulo e de lá para cá todas as semanas, é uma
lutadora, pesquisou o mercado de doces e hoje é um verdadeiro mestre em tortas
deliciosas.
E
assim vai minha filha todos os dias, de POA para São Paulo, o que fazia também
em quase toda a sua vida o cantor Martinho da Vila, que gravava e fazia shows
entre Rio de Janeiro e São Paulo todas as semanas.
Minha
filha deve cantar aquele samba do Martinho, viajando de lá para acolá: “Não sei
se vou/ não sei se fico/ se fico aqui ou se eu fico lá/ se estou lá tenho de
vir/ se estou aqui eu tenho de voltar”.
Por
isso, em todas as lojas de doces que frequento, tenho curiosidade por comprar
doces, comparando-os com aqueles que minha filha faz.
Anteontem
fui a uma loja de doces dessas e apontei à atendente para um item que estava na
vitrina:
– O
que é aquele ali? Ela me respondeu: – Torta de bolacha.
“Mas
onde está a bolacha, que não vejo?”, perguntei à moça.
E
ela calmamente filosofou: “O senhor não vê que eu sou uma pessoa cheia de
ternura, no entanto o sou. A maioria das pessoas não enxerga as virtudes dos
outros. Assim também se dá com os doces, o senhor não enxerga a bolacha nessa
torta, mas ela está presente no gosto dela e na sua textura. Pode provar essa
torta que o senhor vai topar com a bolacha”.
Há tortas
de maçã, tortas de pêssego e abacaxi, até tortas de tamarindo, um fruto que dá no
Nordeste e é muito delicioso.
Por
falar nisso, frequento o mais espetacular restaurante de Porto Alegre, o Bateau
Ivre, de propriedade do chef de cuisine Gérard Durand, francês, que faz pratos
divinos.
Interessante
é que o restaurante em tela é sensacional mas não é caro: há restaurantes
inferiores em Porto Alegre que cobram muito mais caro.
E lá
no Bateau Ivre eu como camarão com espaguete ao molho de tamarindo. Meninos, não
existe nada mais saboroso.
Como
diz o meu poeta Augusto dos Anjos, debruçado sobre árvore do seu quintal: “Agora,
sim! Vamos morrer, reunidos,/ tamarindo da minha desventura/ tu, com o
envelhecimento da nervura/ eu, com envelhecimento dos tecidos”.
Amigos,
esqueci-me de elogiar o gol feito pelo Riveros contra o Bahia. Ele foi estoico
ao cabecear aquela bola que pertencia mais à ponta de chuteira do zagueiro
adversário do que a ele. Mas ele cabeceou e lesionou-se com gravidade, o gol
valeu a sua retirada de campo por séria lesão.
Interessante
esse Riveros no lance. Ele é paraguaio, nasceu distante daqui, mas deu a vida
para fazer aquele gol em favor de um Grêmio que ele nem conhecia, embora agora
ofereça a sua dedicação ao clube que o contratou.
Ou
seja, o profissionalismo também encerra, às vezes, admirável amadorismo. Por
isso é que também se torce pelo profissionalismo.
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