24 de agosto de 2013 | N° 17532
ENVELHECIMENTO
MAIS
VIDA NO OUTONO DA VIDA
DEPOIS DO AUMENTO DA LONGEVIDADE, O DESAFIO AGORA É GARANTIR
BEM-ESTAR PARA A TERCEIRA IDADE
A humanidade está vivendo mais, mas esses anos adicionais
não estão sendo necessariamente melhor vividos. Com a expectativa de vida do
brasileiro tendo aumento mais de 11 anos nas últimas três décadas, o desafio
agora é agregar qualidade à chamada terceira idade. Doenças crônicas e
degenerativas, problemas cardiovasculares e físicos, distúrbios emocionais e
psicológicos tornam os últimos anos de existência de sofrimento para muitos
idosos.
No passado, as pessoas morriam mais jovens porque não havia
vacinas, antibióticos, pouco se sabia sobre controle de doenças infecciosas e
não se tinha ideia de que o estilo de vida influenciava tanto na saúde. Com
maior acesso à informação, foram adquiridos novos hábitos e cuidados com o
corpo e a mente. Melhoraram também o controle de doenças e de fatores de riscos
por conta do conhecimento médico-científico, explica a médica sanitarista do
Departamento de Medicina Preventiva da Universidade de São Paulo (USP), Denise
Schout. Hoje há uma sobrevida maior. Porém, o que fazer para manter a qualidade
nestes anos a mais tem inquietado os especialistas.
– A forma como as pessoas se aposentam, sem muitas
perspectivas e desafios, nos faz questionar se devemos deixar uma pessoa lúcida
fora do mercado de trabalho. Tem se discutido muito a segunda carreira, o que
tem a ver com inserção social – diz Denise.
Os cuidados com a saúde devem começar na juventude
Diretor de defesa profissional da Sociedade Brasileira de
Geriatria e Gerontologia, João Senger explica que o desafio não é mais aumentar
a longevidade, e sim ter vida longa com qualidade:
– Todo gaúcho, quando chega aos 60, tem mais 12 ou 13 anos
de sobrevida. Só que a metade desses anos é de dependência. Não sei se isso tem
valor.
Entre as questões que comprometem a autonomia dos idosos
estão as fraturas, as doenças crônicas, como Alzheimer, as cardiovasculares,
como infarto, e as cerebrovasculares, como o AVC. Segundo o professor da
Faculdade de Medicina da UFRGS Emilio Moriguchi, as pessoas chegam a idades
avançadas com tantas debilidades porque não tomam os cuidados que deveriam. Os
principais erros são alimentação desequilibrada, sedentarismo, fumar e beber em
excesso e sobrepeso.
– Os governos deveriam dar mais atenção aos dados
disponíveis para se conscientizar da relevância de prevenir e tratar as doenças
relacionadas ao envelhecimento – diz Moriguchi.
lara.ely@zerohora.com.br
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