28
de agosto de 2013 | N° 17536
PAULO
SANT’ANA
O abismo do canalha
Em
breve, lançarei um blog especial na internet que, em suma, será a minha segunda
coluna diária. A primeira é esta que você está lendo, a segunda será a do meu
blog especial.
Evidentemente
que a maioria dos meus leitores de ZH irá correndo para ler meu blog. Ele será inseparável
de mim e por isso se tornará inseparável dos meus leitores de ZH.
Em
suma, serei duplo. Aqui nesta coluna, escreve o Paulo Sant’Ana. No meu blog,
escreverá Pablo. Eu sou dois. Portanto, se só escrever em ZH, haverá apenas
metade de mim. Em suma, cada leitor meu é apenas sua metade. Com meu blog, cada
leitor meu se realizará por completo.
O
leitor e eu nos realizaremos por completo. Por sinal, como escreverei abaixo
numa história, todos nós somos dois. E muitos de nós nos revelamos como um só,
portanto incompletos.
Há o
caso do sujeito que fez uma canalhice comigo.
Ninguém
acredita que esse canalha seja canalha. Porque não o conheceram como eu. O
canalha me fez canalhice pelo simples fato de que não soube me invejar em silêncio,
e me fez a canalhice.
Ele
tem muitos amigos que não sabem que ele é canalha, porque não são invejados por
ele.
Mas
todo e qualquer canalha é impulsionado à canalhice pelo vírus da canalhice que
lhe corre no sangue. Ele sai às ruas todos os dias pronto a fazer uma canalhice
a qualquer pessoa que ele inveje e esteja a seu alcance.
O
canalha pode invejar o Chico Buarque, mas como o Chico Buarque não está a seu
alcance, ele deixa pra lá. Mas, no meu caso, eu estava ao alcance do canalha e
ele me inveja com todas as suas forças. Para ele, foi só dar um passo e me
praticar a canalhice.
Por
que o canalha é cercado por tantas pessoas que não percebem que ele é canalha?
Exatamente porque essas pessoas que o cercam não lhe causam inveja, é fácil
portanto a essas pessoas acharem que o canalha não é canalha.
Se
alguma dessas pessoas que cercam o canalha um dia vier a ser invejada por ele,
constatará que ele não passa de um canalha, eis que atacará logo em seguida.
No
momento em que escrevo sobre o canalha, isso o deixa enfurecido. E eu estou
fazendo isso para que ele se enfureça pela segunda vez e me ataque pela segunda
vez.
Na
vez primeira, o ataque dele não foi esclarecido. Agora, pretendo que seu
segundo ataque de canalhice vá às últimas consequências, isto é, desmascare-o
completamente. Porque não é bom para a civilidade que um canalha assim solto
pela ruas continue não identificado. E eu decidi que o canalha vai parar de
fingir que não é canalha e será exposto à execração pública.
O
meu urdido plano já começou a dar certo: vou irritar até a explosão pessoal o
canalha pela segunda vez. Na primeira vez, ele explodiu, mas nos apartaram. Mas
eu garanto que ele não se segura mais, vai me atacar pela segunda vez.
Será
o abismo para o canalha. E todo canalha tem curiosidade mórbida pelo abismo.
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