terça-feira, 13 de agosto de 2013


13 de agosto de 2013 | N° 17521
DAVID COIMBRA

A fonte da juventude

Oespanhol Ponce de León passou a vida procurando a Fonte da Juventude e, por ironia, o que encontrou nessa busca foi a morte.

Ponce de León participou das primeiras viagens de Cristóvão Colombo à América e foi lá que ouviu a lenda índia acerca da Fonte da Juventude, um veio d’água encantada que manteria jovem e forte todo aquele que dela bebesse. Essa fonte estaria incrustada no Paraíso perdido por Adão e Eva, lugar que, para os espanhóis, devia se localizar em alguma ilha bucólica da América Central, onde as pessoas podiam viver peladas ou, no máximo, vestidas com sumárias folhas de parreira.

Ponce de León acreditou nas histórias dos índios e saiu desesperado à procura da Fonte da Juventude. Acabou descobrindo a Flórida, que pertenceu à Espanha até o começo do século 19, quando os americanos a compraram barato, cinco milhões de dólares, preço de uma cobertura em Miami. Curiosamente, a Flórida hoje é o Estado para onde os americanos sonham em se mudar depois da aposentadoria. Ou seja: de certa forma, as pessoas continuam indo para lá em busca da Fonte da Juventude.

Mas Ponce de León não encontrou a Fonte na Flórida nem em qualquer parte. Acabou levando uma flechada envenenada de um índio hostil e anônimo e morreu em Cuba. Sua história é bela e triste. Triste porque fico imaginando Ponce de León a envelhecer inexoravelmente, mais velho a cada dia, e a cada dia alimentando a esperança de encontrar a Fonte da Juventude e enfim deter o processo cruel do tempo. Bela porque mostra como o ser humano idealiza essa idade em que o corpo experimenta o ponto mais elevado das suas energias. Quem não queria ser jovem para sempre?

Espanhol como Ponce de León, o escritor Jardiel Poncela disse que a juventude “é um defeito que se corrige com o tempo”, e o brasileiríssimo Nelson Rodrigues, perguntado sobre que conselho daria aos jovens, respondeu com sua voz cavernosa:

– Jovens, envelheçam...

Despeito de um e outro. Há coisas que só os jovens podem fazer. Modelos têm de ser jovens. Lembro de uma época em que existia, literalmente, uma disputa de beleza entre a loira Claudia Schiffer e a morena Cindy Crawford (eu preferia Cindy). Hoje quem seriam essas senhoras? Ninguém mais fala delas, no século 21. Hoje a disputa é entre a loira Scarlet Johanson e a morena Megan Fox (prefiro as duas).

Muita gente fala nas qualidades de uma veterana como Luíza Brunet. Luíza Brunet seria um Zé Roberto, um Alex, um Seedorf, um Índio. Jogadores como esses, tal qual Luíza Brunet, parecem ter descoberto a Fonte da Juventude. Só que, tristemente, não é verdade. A Fonte da Juventude não existe. Melhor, para passarelas da moda e times de futebol, é apostar nos jovens. Há alguns pedindo passagem na Dupla Gre-Nal.

O lento processo de maturação

O processo de maturação dos jovens na Dupla Gre-Nal é muito demorado. O jogador da base sempre é alvo de desconfiança. Lucas Coelho perdeu dois gols em dois jogos que entrou. Verdade. Perdeu porque estava lá. Entrou e, em cinco minutos de participação nos dois jogos, apresentou-se na pequena área para tentar fazer gol. Centroavante que não perde gol é centroavante que não entra na área. Quer dizer: é centroavante que não é centroavante. O fato de Lucas Coelho ter perdido dois gols nos poucos minutos em que entrou é um fato promissor, não desabonador.

Da mesma maneira, esse Mateus Biteco, que foi expulso contra o Criciúma, sempre que entra ele mostra energia e qualidade. Tem de jogar, nem que seja deslocado na lateral-direita.


E Otavinho, há quem diga que Otavinho teve sorte no gol que marcou contra o Atlético-PR. Teve sorte porque chutou. Se não chutasse, a sorte não empurraria a bola para dentro. A Dupla Gre-Nal precisa urgentemente banhar-se na Fonte da Juventude.

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