sexta-feira, 16 de agosto de 2013

Jaime Cimenti

Um verão, um menino de 12 anos, poesia em prosa

Licor de dente-de-leão, de Ray Bradbury, não é uma história de ficção científica daquelas que o celebrizaram como o maior autor de ficção do século XX, segundo o jornal britânico The Guardian. Verdadeira poesia em forma de prosa, retrata o verão de 1928 do menino Douglas Spaulding e da sua inesquecível descoberta. Ray Bradbury nasceu em Washington, Illinois, em 1920, e faleceu em 2012.

Escreveu contos, romances e textos para rádio, televisão, teatro e cinema. Colaborou com todas as mais importantes revistas norte-americanas e suas obras foram traduzidas em todos os continentes, em muitos idiomas.

Entre muitos outros, Bradbury recebeu os prêmios O. Henry Memorial, Benjamin Franklin e o prêmio da Associação dos Escritores de Aviação Espacial. Douglas Spaulding, protagonista de Licor de dente-de-leão, descobre, numa manhã de 1928, que está vivo. Nunca tinha experimentado aquela sensação, aquela força mágica de fazer parte da pulsação do mundo.

O menino está crescendo. Muita coisa se revela para ele. Descobre, por exemplo, que o licor de dente-de-leão é mais do que a bebida que seu avô prepara todos os verões desde antes de seu irmão mais novo, Tom, e ele nascerem.

O licor guarda o sabor quente do verão para ser provado durante o frio do inverno, quando os resfriados chegam e o corpo pede o calor do sol. Douglas conclui que tudo o que sempre fez, todos os anos, em cada verão, pode trazer consigo alguma magia. Basta parar para pensar, olhar todas as coisas com novos olhos, e elas se mostrarão de um modo novo.

A cada descoberta, Douglas cresce um pouco mais. Na cidadezinha de Green Town, no interior dos Estados Unidos, alguns personagens extraordinários se unem como que em uma festa de despedida da infância de Douglas: o inventor que redescobre os prazeres da vida ao construir a máquina da felicidade; o jovem repórter que se apaixona por uma idosa de 95 anos; o contador de histórias que consegue falar com o passado telefonando para um lugar distante...

Ray Bradbury, em seu romance, exercita a sua inesgotável fantasia em um território muito parecido com a cidade em que nasceu. Em Green Town Douglas passa as últimas férias de sua infância, o rito de passagem para a adolescência. Certamente os leitores vão lembrar de seus próprios sonhos, suas verdades e suas fantasias, que, com o passar do tempo, pareciam escondidos em definitivo na memória.


Os leitores vão confirmar, mais uma vez, o estilo singelo e ao mesmo tempo profundo de um dos autores mais prolíficos e aclamados dos Estados Unidos. Um autor gigante, original, fantástico contador de histórias. Bertrand Brasil, 264 páginas, mdireto@record.com.br.

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