19
de agosto de 2013 | N° 17527
LETICIA
WIERZCHOWSKI
“Tigres em Dia
Vermelho”
Uma
das melhores coisas da vida é pegar um livro e não ter mais vontade de
largá-lo, quando a história entra em simbiose completa conosco a ponto de nos
atrasarmos para um compromisso, perdidos entre as suas páginas. Foi o que me
aconteceu lendo Tigres em Dia Vermelho, primeiro romance da jornalista americana
Liza Klaussmann, publicado no Brasil pela Intrínseca.
A
história toda gira em torno de duas primas muito unidas, Nick (bela, indomável,
egoísta) e Helena (frágil, solitária, um projeto de alcóolatra). A prima rica e
a prima pobre crescem juntas, passando seus verões na casa de praia construída
pelo avô de ambas e herdada, tempos mais tarde, pela mãe de Nick – e depois
pela própria Nick e seu marido.
É na
Tiger House que as duas primas se encontram ao longo dos anos, e é também nesta
mítica casa de veraneio que os seus filhos, os primos Daisy e Ed, se farão
amigos – Ed, um rapazinho esquisito e sarcástico, e Daisy, uma menina doce, mas
determinada, subjugada pela beleza de Nick.
Guiada
pela prosa fascinante e afiada de Liza Klaussmann, eu segui em transe pelas
vidas das duas primas, desde a juventude durante a II Guerra Mundial, até a
maturidade na ilha de Martha’s Vineyard, onde fica a casa de veraneio da
família – impossível não se apaixonar pela petulante Nick, cujo casamento feito
por amor acaba caindo numa espécie de limbo por causa de um affair vivido pelo
marido, o confiável e correto Hughes, quando ele ainda era um jovem oficial
americano na Londres devastada pelos bombardeios alemães.
Desfiando
verões, a senhorita Klaussmann envolve seus leitores numa trama instigante cujo
cerne é um misterioso crime, descoberto por Daisy e Ed durante as férias na
ilha – mas o encadeamento da história, os diálogos primorosos, o ritmo ágil e
sardônico do texto, tudo, tudo me encantou. Lá pelo final do livro, a autora
pesa a mão num dos seus ótimos personagens... Um defeito?
Eu
diria que sim. Mas não compromete essa excelente e arguta narrativa em várias
vozes. Fiquei tão afoita com o romance que, pelo meio da trama, estava com
vontade de espiar as últimas páginas – mania de escritora que quer sempre ter o
controle da história... Mas Liza Klaussmann, talentosa narradora, me levou pelo
cabresto até o final.
Nenhum comentário:
Postar um comentário