sábado, 17 de agosto de 2013


18 de agosto de 2013 | N° 17526
PAULO SANT’ANA

Nosso louco trânsito

A opinião pública ficou chocada na sexta-feira com a notícia insistente da Rádio Gaúcha sobre uma agressão verificada nas imediações da Ponte do Guaíba, defronte ao posto da Polícia Rodoviária Federal.

Dois motoristas se desentenderam no trânsito, o primeiro saiu do carro, foi até o outro veículo e lá desferiu um tal potente soco no rosto do outro que fez quebrar-lhe o nariz e arrancar diversos dentes.

Um massacre.

O agressor foi detido e levado à polícia. O agredido foi levado ao hospital, sofreu sérios danos no rosto, fraturas misturadas ao sangue.

Como tantas vezes já escrevi, há uma disputa férrea e violenta de espaços no trânsito em nossa cidade. E isso é campo fértil para os milhares de bipolares de extrema irritabilidade, causando atritos múltiplos. Alguns como esse que provocou inúmeras manifestações de ouvintes, que condenaram a fúria do agressor.

O cidadão que teve o nariz quebrado e os dentes arrancados tinha no interior do seu carro sua esposa e um filho bebê.

Já escrevi que no trânsito gaúcho não se dirige, se compete.

Todos querem passar à frente dos outros, todos têm pressa, ninguém cede lugar aos outros.

Isso é um passo para a agressividade. Um sem-número de vezes acontece que os motoristas saem dos seus carros, vão tirar satisfações dos outros e, não raro, ocorrem as agressões físicas, de vez em quando até tiros de revólver ou pistola surgem em cena.

Aconselho calma e paciência aos motoristas gaúchos. Ao contrário do que muitos pensam, o trânsito não é espaço exclusivo deles. Já escrevi até que não há campo mais propício para exercer as virtudes cristãs da solidariedade do que no trânsito. E não há nada mais cristão do que respeitar os pedestres: as estatísticas mostram que no nosso trânsito os pedestres são abatidos como vítimas indefesas, diariamente.

Como é que me comporto no trânsito a todas estas? Pois eu tenho motorista. E com isso, em vez de ver diminuída minha irritação, ela aumenta.

Durante todos os percursos, meus nervos são estraçalhados pelo meu motorista.

Principalmente porque, nos engarrafamentos, a faixa que meu motorista escolhe para enfileirar meu carro é sempre a que encrenca, não anda. E as outras faixas que ele não escolhe se vão à frente com galhardia.

Meu motorista é, portanto, terrivelmente azarado.


E eu sou a vítima indefesa dele.

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