18
de agosto de 2013 | N° 17526
PAULO
SANT’ANA
Nosso louco
trânsito
A
opinião pública ficou chocada na sexta-feira com a notícia insistente da Rádio
Gaúcha sobre uma agressão verificada nas imediações da Ponte do Guaíba,
defronte ao posto da Polícia Rodoviária Federal.
Dois
motoristas se desentenderam no trânsito, o primeiro saiu do carro, foi até o
outro veículo e lá desferiu um tal potente soco no rosto do outro que fez
quebrar-lhe o nariz e arrancar diversos dentes.
Um
massacre.
O
agressor foi detido e levado à polícia. O agredido foi levado ao hospital,
sofreu sérios danos no rosto, fraturas misturadas ao sangue.
Como
tantas vezes já escrevi, há uma disputa férrea e violenta de espaços no
trânsito em nossa cidade. E isso é campo fértil para os milhares de bipolares
de extrema irritabilidade, causando atritos múltiplos. Alguns como esse que
provocou inúmeras manifestações de ouvintes, que condenaram a fúria do
agressor.
O
cidadão que teve o nariz quebrado e os dentes arrancados tinha no interior do
seu carro sua esposa e um filho bebê.
Já
escrevi que no trânsito gaúcho não se dirige, se compete.
Todos
querem passar à frente dos outros, todos têm pressa, ninguém cede lugar aos
outros.
Isso
é um passo para a agressividade. Um sem-número de vezes acontece que os
motoristas saem dos seus carros, vão tirar satisfações dos outros e, não raro,
ocorrem as agressões físicas, de vez em quando até tiros de revólver ou pistola
surgem em cena.
Aconselho
calma e paciência aos motoristas gaúchos. Ao contrário do que muitos pensam, o
trânsito não é espaço exclusivo deles. Já escrevi até que não há campo mais
propício para exercer as virtudes cristãs da solidariedade do que no trânsito.
E não há nada mais cristão do que respeitar os pedestres: as estatísticas
mostram que no nosso trânsito os pedestres são abatidos como vítimas indefesas,
diariamente.
Como
é que me comporto no trânsito a todas estas? Pois eu tenho motorista. E com
isso, em vez de ver diminuída minha irritação, ela aumenta.
Durante
todos os percursos, meus nervos são estraçalhados pelo meu motorista.
Principalmente
porque, nos engarrafamentos, a faixa que meu motorista escolhe para enfileirar
meu carro é sempre a que encrenca, não anda. E as outras faixas que ele não
escolhe se vão à frente com galhardia.
Meu
motorista é, portanto, terrivelmente azarado.
E eu
sou a vítima indefesa dele.
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