Jaime
Cimenti
Médicos, pacientes, medicina,
alegrias, tristezas, vida e morte
As
relações entre medicina, médicos e pacientes sempre renderam ótimos frutos para
a literatura de ficção e de não ficção, para o cinema, o teatro e as demais
artes. Entre nós, os exemplos de Dyonélio Machado, Cyro Martins e Moacyr
Scliar, entre tantos outros, mostram como a rica matéria-prima que é a
convivência entre medicina, médicos e pacientes pode inspirar belos textos.
Frederico
e outras Histórias de Afeto, do professor universitário, médico e pesquisador
Gilberto Schwartsmann, coletânea de contos com toques de crônica e
memorialística, mostra episódios marcantes de suas décadas de trajetória na
medicina e se insere nesta tradição. Baseadas em fatos reais, as histórias
revelam, sem pieguice, com realismo, solidariedade, afeto e boas percepções, momentos
de alegria, tristeza, dor, prazer e graça e também medos, segredos, esperanças
e tensas situações em residências, consultórios e hospitais.
A
fragilidade dos pacientes e dos médicos diante das vicissitudes provocadas
pelas doenças e pela morte aparece nos relatos para mostrar como podemos
crescer como profissionais e como seres humanos. Medicina é arte e ciência, mas
é, acima de tudo, amor ao próximo.
Membro
titular da Academia Nacional de Medicina e presidente da Fundação Sul-Americana
para o Desenvolvimento de Novas Drogas Anticâncer, Schwartsmann fala com
sensibilidade e compaixão de suicídio, revelações de última hora, médicos
dedicados que chegam a doar sangue para o paciente, diálogos essenciais e
dramáticos no consultório e nos hospitais, crianças com doenças fatais e outros
temas vitais.
Na
apresentação, a psicóloga, jornalista e escritora Ivette Brandalise escreveu:
“O afeto o levou a registros de momentos que marcam a sua trajetória na área da
medicina. São histórias não datadas, em que o autor se expõe sem máscaras e sem
pudores, revelando a dor dos adeuses, dos medos, revelando também esperanças,
alegrias e até provocando risos. Porque há episódios engraçados quando as
trocas se tornam possíveis. Há a cumplicidade, que torna único algum evento. Há
até a infração, que leva às lágrimas. Há a conivência, que termina contagiando
o leitor”.
Enfim,
Gilberto Schwartsmann nos oferece, abertamente, muito das experiências de sua
vida e de seus pacientes, para que lembremos, sempre, que somos anjos de uma
asa só, que precisamos do outro para voar. Libretos, 140 páginas, Coordenação
Editorial e Edição de Arte de Clô Barcellos, R$ 26,00, www.libretos.com.br
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