sexta-feira, 30 de agosto de 2013

Jaime Cimenti

Médicos, pacientes, medicina, alegrias, tristezas, vida e morte

As relações entre medicina, médicos e pacientes sempre renderam ótimos frutos para a literatura de ficção e de não ficção, para o cinema, o teatro e as demais artes. Entre nós, os exemplos de Dyonélio Machado, Cyro Martins e Moacyr Scliar, entre tantos outros, mostram como a rica matéria-prima que é a convivência entre medicina, médicos e pacientes pode inspirar belos textos.

Frederico e outras Histórias de Afeto, do professor universitário, médico e pesquisador Gilberto Schwartsmann, coletânea de contos com toques de crônica e memorialística, mostra episódios marcantes de suas décadas de trajetória na medicina e se insere nesta tradição. Baseadas em fatos reais, as histórias revelam, sem pieguice, com realismo, solidariedade, afeto e boas percepções, momentos de alegria, tristeza, dor, prazer e graça e também medos, segredos, esperanças e tensas situações em residências, consultórios e hospitais.

A fragilidade dos pacientes e dos médicos diante das vicissitudes provocadas pelas doenças e pela morte aparece nos relatos para mostrar como podemos crescer como profissionais e como seres humanos. Medicina é arte e ciência, mas é, acima de tudo, amor ao próximo.

Membro titular da Academia Nacional de Medicina e presidente da Fundação Sul-Americana para o Desenvolvimento de Novas Drogas Anticâncer, Schwartsmann fala com sensibilidade e compaixão de suicídio, revelações de última hora, médicos dedicados que chegam a doar sangue para o paciente, diálogos essenciais e dramáticos no consultório e nos hospitais, crianças com doenças fatais e outros temas vitais.

Na apresentação, a psicóloga, jornalista e escritora Ivette Brandalise escreveu: “O afeto o levou a registros de momentos que marcam a sua trajetória na área da medicina. São histórias não datadas, em que o autor se expõe sem máscaras e sem pudores, revelando a dor dos adeuses, dos medos, revelando também esperanças, alegrias e até provocando risos. Porque há episódios engraçados quando as trocas se tornam possíveis. Há a cumplicidade, que torna único algum evento. Há até a infração, que leva às lágrimas. Há a conivência, que termina contagiando o leitor”.

Enfim, Gilberto Schwartsmann nos oferece, abertamente, muito das experiências de sua vida e de seus pacientes, para que lembremos, sempre, que somos anjos de uma asa só, que precisamos do outro para voar. Libretos, 140 páginas, Coordenação Editorial e Edição de Arte de Clô Barcellos, R$ 26,00, www.libretos.com.br


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