ELIANE
CANTANHÊDE
Em nome de
Deus
BRASÍLIA
- A tragédia de Santa Maria ofuscou uma informação importante de domingo
passado na Folha: as igrejas arrecadam R$ 21 bi por ano no Brasil, incluindo
católicas, evangélicas e centros espíritas.
A
revelação foi da repórter Flávia Foreque, com base em dados da Receita Federal
obtidos por meio de uma das grandes inovações do país: a Lei de Acesso à
Informação.
O
valor equivale à metade dos recursos da cidade mais rica de todas, São Paulo, e
é maior do que o Orçamento de 15 dos 24 ministérios.
Isso
ajuda a explicar a lista da revista "Forbes", dos EUA, com os cinco
pastores mais endinheirados do Brasil, entre eles os que têm passaporte
diplomático por representarem "interesses do país". Os nomes não
surpreendem. Mais uma vez, o espanto é diante dos valores.
Encabeçada
por Edir Macedo, da Universal do Reino de Deus, com patrimônio líquido de R$
1,9 bi, a lista inclui: Valdemiro Santiago, da Igreja Mundial do Poder de Deus
-dissidente da Universal, como o nome já diz; Silas Malafaia, da Assembleia de
Deus; Romildo Soares, da Igreja Internacional da Graça de Deus; e Estevam
Hernandes e sua mulher, da Renascer em Cristo, os mais pobrezinhos
("só" R$ 130 milhões).
Fica
a pergunta: a arrecadação e o dízimo de algumas das igrejas vão para elas e
suas almas, ou para as contas bancárias dos pastores?
Mais
do que o complexo emaranhado sociológico e os impulsos psicológicos que levam
as pessoas a dar seu suado dinheirinho para coisas -e gente- assim, o que interessa
aqui é o reflexo no futuro.
Há
igrejas e igrejas, mas, com dinheiro, TVs, rádios, sites, templos e lábia, as
religiões, agora pulverizadas, exercem uma influência social, econômica e
política crescente. O céu é o limite. Ou o poder?
Quanto
mais o Congresso e os políticos se distanciam da opinião pública, mais elas, as
igrejas, e eles, os pastores, aumentam seus rebanhos. E essas ovelhas votam...
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